No Dia do Trabalho, celebrado em 1º de maio, ganham destaque os debates sobre as condições e oportunidades no mercado de trabalho, especialmente entre diferentes grupos sociais. Na área médica, dados da Demografia Médica 2024, do Conselho Federal de Medicina (CFM), revelam que as mulheres já são maioria entre os profissionais com até 39 anos, representando 58% desse grupo.

Apesar desse avanço em participação, a equidade salarial ainda está longe de ser realidade. Segundo a Pesquisa Salarial do Médico, conduzida pelo Research Center da Afya, as médicas recebem, em média, R$ 5 mil a menos que seus colegas homens – uma diferença de aproximadamente 23% na média nacional. No Nordeste, esse índice é um pouco inferior, de 22,2%.

Diferença no valor da hora e na jornada semanal

Dois fatores principais explicam essa disparidade. O primeiro é o valor da hora trabalhada: os homens recebem, em média, R$ 417 por hora, enquanto as mulheres recebem R$ 370 – uma diferença de R$ 48 (11,4%). O segundo está relacionado à jornada de trabalho: os homens dedicam, em média, 54,3 horas por semana à profissão, contra 47,4 horas entre as mulheres, o que representa uma diferença de 6,9 horas semanais (12,6%).

A desigualdade se repete em todas as faixas etárias, regiões e níveis de formação analisados. Entre os médicos de 45 a 55 anos, a diferença de renda é menor, de 8,1%, indicando um possível avanço em direção ao equilíbrio.

Além do salário: impacto da divisão de tarefas

Para Eduardo Moura, médico e diretor de pesquisa do Research Center da Afya, a disparidade salarial entre os gêneros reflete uma questão mais ampla. “O ponto mais crítico é a diferença na remuneração por hora trabalhada. Mas essa desigualdade vai além do salário: é fundamental que a divisão de responsabilidades domésticas seja mais equilibrada, evitando que a sobrecarga recaia majoritariamente sobre as mulheres”, afirma.

Maternidade influencia jornada de trabalho

A maternidade também impacta a jornada profissional das médicas. Segundo o levantamento, mulheres com filhos trabalham, em média, 46,7 horas por semana, enquanto homens com filhos têm uma média de 55,2 horas.

Christiane Mendes, diretora da Fasa VIC | Afya, destaca que o estudo retrata desafios enfrentados por mulheres em diversos setores. “Em todas as áreas, seguimos buscando nosso espaço no mercado de trabalho e enfrentando desigualdades que marcam tanto a carreira quanto a vida pessoal. Um dos caminhos mais eficazes para mudar esse cenário é o acesso à educação. Essa é a missão que temos aqui”, pontua.

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