O número de brasileiros com planos de saúde médico-hospitalares alcançou, em março deste ano, o maior patamar já registrado: 52,1 milhões de beneficiários. O dado consta da 105ª edição da Nota de Acompanhamento de Beneficiários (NAB), divulgada pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS), e reflete diretamente a recuperação do emprego formal no país.

Nos 12 meses encerrados em março, o Brasil criou 1,6 milhão de empregos com carteira assinada, segundo o Novo Caged. No mesmo período, os planos coletivos empresariais – vinculados ao mercado formal – cresceram 3,5%, com a adesão de 1,27 milhão de novos beneficiários. Atualmente, 72% dos usuários de planos de saúde estão nessa modalidade.

“Há uma correlação direta e significativa entre o avanço do emprego formal e o aumento da cobertura dos planos empresariais. Isso reforça a importância do vínculo empregatício como porta de entrada para a saúde suplementar no Brasil”, afirma José Cechin, superintendente executivo do IESS.

Cechin também destaca que o mercado de trabalho passa por transformações profundas, com o crescimento do empreendedorismo e mudanças nas relações laborais. “Será cada vez mais necessário repensar como a saúde suplementar pode se adaptar a essa nova dinâmica”, pondera.

Crescimento histórico e desafios regulatórios

A análise especial da NAB mostra que, em 2000, os planos empresariais somavam cerca de 6 milhões de beneficiários. Hoje, esse número ultrapassa os 37,6 milhões – um salto de 520% em 25 anos. Em contrapartida, os planos individuais ou familiares, embora tenham crescido em números absolutos, perderam participação relativa no mercado e registraram queda de 1,3% no último ano, reflexo das restrições regulatórias que limitam sua expansão.

“O crescimento recente concentrou-se exclusivamente nos contratos empresariais. Planos por adesão e individuais apresentaram retração. Isso evidencia a urgência de discutir a sustentabilidade e a ampliação do acesso a outras modalidades de contratação”, analisa Cechin.

Panorama regional: São Paulo avança, Rio de Janeiro recua

Entre os estados, São Paulo liderou a expansão, com 295 mil novos beneficiários em planos médico-hospitalares e mais de 517 mil em planos exclusivamente odontológicos. Já o Rio de Janeiro apresentou a maior retração, com perda de 126,7 mil vínculos médico-hospitalares.

O segmento odontológico também registrou crescimento expressivo: foram 2 milhões de novos vínculos em 12 meses, totalizando 34,6 milhões de beneficiários – um avanço anual de 6,2%.

“Os dados indicam não apenas uma recuperação pós-pandemia, mas a consolidação dos planos empresariais como principal via de acesso à saúde suplementar. A formulação de políticas públicas que ampliem e diversifiquem esse acesso segue sendo estratégica”, conclui Cechin.