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O surto Coronatech

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Pegue uma população receptiva à inovações tecnológicas. Misture com uma reação em cadeia global provocada pelo medo de uma pandemia noticiada dia e noite pelos meios de comunicação. Por fim adicione os problemas crônicos de um sistema de saúde incapaz de ser acessado pela maioria da população mundial.

Pronto! Está criada a condição perfeita para o surgimento de propostas de valor reais para pacientes espalhados por todo o mundo. Um market fit inédito e extraordinariamente escalável - algo raro de se ver no setor de saúde.

É fato.

Desde que os primeiros casos de contágio foram relatados em Wuhan uma série de necessidades da população local passaram a ser observadas por startups e corporates focadas no desenvolvimento de soluções escaláveis e inovadoras.

Dessa forma o mercado chinês transformou-se numa espécie de playbook ideal para oportunidades de negócio que agora começam a surgir também no ocidente.

Uma das primeiras empresas a dropar esse pipeline gigantesco foi a canadense Cyclica, que utiliza inteligência artificial aumentada para acelerar o processo de descoberta de novos medicamentos.

Em pouco tempo  a empresa entrou em contato com os principais institutos de pesquisa chineses e também  finalizou um inédito  acordo de cooperação com a Academia Chinesa de Ciências Médicas. Assim está se unindo a pesquisadores locais de uma maneira colaborativa e responsável para fornecer uma tentativa de solução eficaz para a cura da doença.

Já a chinesa Alibaba, aproveitando a facilidade de acesso ao grande volume de casos da população infectada, desenvolveu um algoritmo capaz de diagnosticar Covid-19 em 20 segundos a partir da tomografia do tórax, com uma assertividade de 96%.

Seu rival chinês Ping An também  desenvolveu o mesmo exame baseado em inteligência artificial, e já está presente em mais de 1.500 instituições médicas segundo informou a empresa.

No mesmo embalo a Hanwang Technologies, também chinesa, desenvolveu uma tecnologia inédita para realizar identificação facial de pessoas utilizando máscara cirúrgica, com uma precisão de 95%. De quebra o sistema se integra a sensores de temperatura para descobrir se a pessoa também está com febre.

Do outro lado do mundo, a americana Parallel Profile vem utilizando Inteligência  Artificial  para desenvolver um extenso trabalho de curadoria na literatura médica e prontuários eletrônicos, bem como nos dados genéticos das pessoas afetadas, a fim de identificar medicamentos que podem ser imediatamente reaproveitados para tornar os pacientes mais capazes de combater uma potencial Infecção por COVID-19.

A também americana Breath Research, por sua vez, está focada no monitoramento remoto  de pacientes já diagnosticados ou de alto risco realizando  detecção  precoce e intervenção antes que a doença se torne aguda. E para isso utiliza uma combinação de análise de som pulmonar, inteligência  artificial,  espirometria clínica e telemedicina.

Da mesma  forma  a Aidar Health desenvolveu um dispositivo chamado Mouth Lab que funciona como uma espécie de bafômetro capaz de capturar e transmitir uma série  de sinais vitais ajudando no monitoramento de pacientes em ambiente  doméstico e também hospitalar.

Bem como fez a Tahmo, que desenvolveu um termômetro  conectado capaz de informar imediatamente  qualquer  alteração  na temperatura do paciente atingido, sem exigir a presença  física  de médicos ou cuidadores.

A fim de evitar o contato  desnecessário  com pessoas  potencialmente  infectadas  a Navimize desenvolveu um sistema capaz de predizer o atraso médico para as próximas  consultas e enviar uma mensagem ao paciente, ajudando a chegar na hora certa e eliminar o seu tempo de permanência  na sala de espera junto a outros  pacientes.

E nesta semana, a Conversa lançou uma campanha em larga escala para conscientizar seu novo serviço, o Coronavirus Health Chats. É um serviço gratuito para uso do público em geral, a fim de obter informações sobre coronavírus e COVID-19, verificar sintomas, encontrar recursos adicionais e registrar alertas.

Como se pode perceber as portas estão abertas para a criatividade e muitas novidades ainda devem surgir nas próximas semanas.

Se existem lições até aqui para serem tiradas pelas empresas de saúde, certamente uma delas é a de que devem ser suficientemente ágeis e inovadoras para se adaptar a mudanças na jornada de seus pacientes.

E que ainda assim não podem esquecer que, mais importante que a "experiência do usuário", é a "vida do ser humano" e que para lidar com isso não existe melhor tecnologia que a humanização. Especialmente num momento de tanto isolamento como esse.