A inteligência artificial (IA) deixou de ser uma promessa e se consolidou como uma força transformadora no A.C.Camargo Cancer Center. Sob a liderança de Victor Piana, CEO da instituição, a IA já está presente em diversas áreas, impactando desde a rotina assistencial até as operações administrativas. “A inteligência artificial está revolucionando a forma como cuidamos dos pacientes e as condições de trabalho dos profissionais”, afirma Piana.
Da radiologia à genômica
Os setores mais avançados nesse processo são a radiologia e a patologia. A instituição investe fortemente no desenvolvimento e aplicação de algoritmos que aprimoram a leitura de exames e otimizam a priorização de laudos. “Entre os milhares de exames realizados semanalmente, a IA ajuda a definir quais precisam ser laudados primeiro, priorizando aqueles com maior impacto no plano terapêutico”, explica o CEO. O mesmo ocorre na patologia, onde a digitalização das lâminas — antes analisadas apenas ao microscópio — impulsionou a criação de ferramentas que apoiam o patologista, aceleram diagnósticos e agregam segurança.
Piana destaca que a adesão dos profissionais tem sido entusiástica. “Vejo os patologistas muito mais animados do que preocupados. Há uma efervescência de criação e inovação. É quase como se estivéssemos diante de uma nova ciência”, observa.
Para o executivo, o desenvolvimento tecnológico precisa ser acompanhado do desenvolvimento humano. Por isso, 2025 foi eleito como o ano do “letramento em inteligência artificial” na instituição. “Não é uma questão de especialidade. Em todas as áreas, do atendimento à área jurídica e até o marketing, as pessoas já estão usando IA para otimizar tarefas”, relata.
Na oncologia, o uso da IA é especialmente amplo e estratégico. A tecnologia acelera e traz precisão aos diagnósticos, personaliza tratamentos — especialmente na genômica — e permite ganhos expressivos na linha de cuidado, promovendo uma assistência mais eficiente e segura. “Com IA, conseguimos antecipar riscos, predizer deteriorações e cuidar melhor das pessoas”, reforça.
Além do impacto direto no cuidado, o A.C.Camargo também aposta na automação de processos administrativos e de back-office, como parte de uma estratégia maior de eficiência operacional. “Sempre que a saúde incorpora tecnologia, tradicionalmente, há aumento de custo. Mas acredito que a inteligência artificial pode ser o ponto de equilíbrio: melhorar a eficiência e, ao mesmo tempo, tornar o ambiente de trabalho mais saudável”, avalia Piana.
Ele também rebate a ideia de que a IA possa desumanizar o atendimento em saúde. Pelo contrário: “Se bem utilizada, a IA tem potencial de aumentar a humanização. Ela cuida das tarefas operacionais e libera os profissionais para estarem mais presentes emocionalmente nas consultas e interações. O resultado é um atendimento mais próximo e cuidadoso”.
Inovação e protagonismo no fortalecimento do SUS
Essa visão inovadora foi compartilhada por Piana durante sua participação em um painel de debates no Future of Digital Health International Congress, realizado durante a Hospitalar — o principal evento de saúde da América Latina. Na ocasião, ele destacou o papel da inteligência artificial como motor de transformação não apenas tecnológica, mas cultural, na assistência oncológica.
Como reflexo desse protagonismo, o A.C.Camargo Cancer Center passou a integrar o Proadi-SUS. Com isso, amplia sua contribuição para o fortalecimento e a modernização do Sistema Único de Saúde por meio de projetos de pesquisa, inovação e capacitação.
À frente dessa transformação, Piana guia a adoção da IA com uma visão clara: não se trata apenas de tecnologia, mas de cultura organizacional e mudança no modelo de assistência. “Estamos montando, peça a peça, um novo quebra-cabeça, que no futuro será um sistema de saúde mais seguro, eficiente e humano, com o suporte da inteligência artificial”, conclui.