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Crescem os casos de depressão no inverno

Article-Crescem os casos de depressão no inverno

Cresce o número de pessoas acometidas por depressão no inverno, alerta a psicóloga Marcela Merli, da clínica Psicosomar, em São Paulo. Com base em parâmetros de um estudo realizado no Departamento de Psicologia Médica, da King’s College/Universidade de Londres, em países tropicais (abaixo da latitude 30o), uma média de 1% das pessoas é afetada pela doença, também conhecida como depressão sazonal. “No Brasil, isto equivale a quase 2 milhões de pessoas”, calcula a profissional. A maioria dos pacientes que chega ao consultório, destaca Marcela Merli, traz como prioridade outras queixas, por desconhecerem os sintomas da depressão que de modo geral é silencioso.

Disfunção hormonal

Diferentemente de outros tipos de depressão, a doença tem como causa associada a falta de luz e geralmente acaba com o inverno. Segundo Marcela Merli, com pós graduação em Biopsicologia, o fator que desencadeia a depressão sazonal está relacionado à produção de melatonina – um hormônio produzido pelo cérebro durante o sono que é inibido pela luminosidade natural da manhã. “No inverno, devido à falta de luz - explica - ocorrem falhas no mecanismo que interrompe a produção de melatonina, aumentando significativamente sua secreção diária. Simultaneamente ocorre a diminuição do hormônio serotonina, que atinge o seu pico de produção com a exposição à luz natural”.

O desequilíbrio desses dois hormônios é responsável pelos sintomas desta depressão, mais evidentes entre o fim da tarde e o início da noite, destaca Marcela Merli. Os sintomas são: sonolência e diminuição da disposição durante o dia; dificuldade para despertar; desmotivação; dificuldade de concentração; tristeza sem motivo aparente; fadiga e perda de energia; aumento do apetite, principalmente por carboidratos e doces; ganho de peso; isolamento social; piora da tensão pré-menstrual nas mulheres; diminuição do desejo sexual; mudanças no humor, como irritabilidade, baixa estima e apatia.

Mulheres: principais vítimas

A doença, conforme a pesquisa feita no Reino Unido, é mais frequente entre as mulheres e pode ocorrer em qualquer idade. Porém, a maioria dos casos incide em pessoas entre os 20 e 40 anos. Pessoas acamadas e internadas por longo período também podem desenvolver este quadro. A situação é mais grave, entretanto, nos países do hemisfério norte, onde as noites são mais longas no inverno e concentram-se os índices mais elevados desta depressão, que atinge 10% da população.

Tratamento

No Brasil, não há um tratamento específico para a depressão sazonal e geralmente a pessoa apresenta melhora espontânea com o término do inverno. Contudo, quem sofre deste tipo de depressão, orienta Marcela Merli, pode buscar ajuda de um psicólogo que o auxiliará a adotar hábitos para minimizar os sintomas e melhorar a qualidade de vida, por meio de recursos como técnicas corporais, de visualização e de relaxamento. O psicólogo é o profissional capacitado a identificar tipos de depressão mais graves e que podem se confundir com depressão sazonal, necessitando de tratamento psicológico e medicamentoso para reversão do quadro.

Quarta causa de incapacidade

De acordo com a Organização Mundial da Saúde, 121 milhões de pessoas em todo o mundo são afetadas por algum tipo de depressão. Atualmente a doença ocupa o quarto lugar entre as causas de incapacidades no mundo. Até 2020 a OMS calcula que o transtorno mental torne-se a segunda maior causa de adoecimentos no planeta.

Estes problemas podem se tornar crônicos ou recorrentes e levar a prejuízos substanciais na capacidade de uma pessoa para cuidar de suas responsabilidades cotidianas. Na pior das hipóteses, a depressão pode levar ao suicídio, uma fatalidade trágica associada com a perda de cerca de 850 000 vidas a cada ano, conforme estatística da OMS.

Dimensionar no tamanho exato da população atingida pela moléstia no Brasil, tanto a depressão sazonal quanto outras modalidades da doença, é um complicador, segundo Marcela Merli. A profissional, com uma trajetória de 12 anos nas áreas da Psicologia Social e Clínica, observou que há diferentes instrumentos utilizados na mensuração das pesquisas científicas, que variam de acordo com a região e o modelo adotado pelos pesquisadores.

Outro empecilho, cita, é o perfil silencioso da doença, o que torna o diagnóstico tardio, na maioria da vezes, quando o problema já se encontra num grau mais avançado, tornando o tratamento longo.

RADIOGRAFIA DA DOENÇA NO MUNDO

- É uma docença comum, afetando cerca de 121 milhões de pessoas em todo o mundo;

- É a quarta causa de incapacidade no mundo;

- Pode ser diagnosticada e tratada na atenção primária;

- Menos de 25% dos afetados têm acesso a tratamentos eficazes;

- Pode ser diagnosticada na atenção primária;

- Os medicamentos antidepressivos, formas estruturadas de psicoterapia, são eficazes para uma faixa entre 60 e 80% das pessoas afetadas , e podem ser entregues na atenção primária. No entanto, menos do que 25% das pessoas afetadas (em alguns países menos de 10%) receber tais tratamentos. Barreiras ao atendimento eficaz incluem a falta de recursos, a falta de provedores treinados, e o estigma social associado com transtornos mentais, incluindo depressão.

FONTE: OMS