A América Latina tem ganhado protagonismo nas operações globais da divisão farmacêutica da Bayer. Durante seu evento anual para a imprensa da região, a empresa apresentou os resultados de 2024 e os principais focos para os próximos meses, destacando o crescimento de 10,8% nas vendas, que totalizaram € 825 milhões. O percentual representa mais do que o triplo do desempenho global da divisão, que avançou 3% no mesmo período.

“Estamos focados para que esse aumento de dois dígitos seja sustentável e se repita nos próximos anos”, afirmou Adib Jacob, presidente da divisão farmacêutica da Bayer no Brasil e na América Latina.

A estratégia por trás dos números inclui priorização de marcas estratégicas e ampliação do acesso aos tratamentos — tanto no setor privado quanto no público — em mais de 30 países da região. Nos últimos três anos, a empresa contabilizou mais de 75 lançamentos, incluindo novas moléculas e indicações. Atualmente, mais de 85 estudos clínicos estão em andamento, muitos voltados a pacientes do sistema público de saúde.

Um dos exemplos citados foi a introdução precoce da darolutamida, medicamento para câncer de próstata, lançado no Brasil em 2019, tornando o país o segundo no mundo a disponibilizá-lo. Em 2024, o produto superou € 53 milhões em vendas na região.

Outro destaque foi o aflibercepte 8 mg, voltado ao tratamento de doenças da retina como Edema Macular Diabético (EMD) e Degeneração Macular Relacionada à Idade (DMRI). A nova formulação permite espaçamento maior entre aplicações, com intervalos de até 20 semanas. O medicamento foi lançado quase simultaneamente na Europa, México, Brasil e Argentina no segundo semestre de 2024 e já está incorporado ao sistema privado de saúde em alguns países. Segundo Jacob, a Bayer também trabalha para viabilizar sua inclusão no SUS.

Segundo o executivo, o esforço em ampliar o acesso tem refletido na distribuição equilibrada das vendas entre o mercado retail (direto ao paciente) e o institucional (planos de saúde, governo, clínicas e hospitais). “Quando um medicamento é incorporado ao sistema privado e/ou público, quem ganha é o paciente, a classe médica e o próprio sistema de saúde, que pode negociar preços. Além disso, a indústria reinveste em pesquisa para desenvolver novas drogas”, diz.

Pesquisa e desenvolvimento ampliam possibilidades terapêuticas

A Bayer tem priorizado moléculas com potencial de transformar tratamentos em áreas como câncer de próstata e doenças cardiorrenais. A darolutamida, já aprovada para duas indicações, está em processo de avaliação para uma terceira — baseada no estudo ARANOTE — com expectativa de aprovação em até 18 meses. “Cerca de 40% dos pacientes diagnosticados com a condição apresentam a forma metastática hormônio-sensível, sendo que 80% a 90% desses recebem terapia dupla”, afirma Eli Lakryc, vice-presidente da área médica da farmacêutica no Brasil e na América Latina.

Outro estudo citado foi o PEACE III, que avaliou a combinação da darolutamida com dicloreto de rádio-223 em pacientes com metástases ósseas, mostrando redução de 31% no risco de progressão da doença e uma sobrevida média de 42,3 meses.

Na área cardiorrenal, a finerenona, lançada na região em 2023, é indicada para Doença Renal do Diabetes (DRD). A condição afeta cerca de 40% dos pacientes com diabetes tipo 2 no mundo — estimando-se que 11,5 milhões deles estejam na América Latina. Segundo Lakryc, pacientes com DRD e DM2 têm três vezes mais risco de morrer por causas cardiovasculares do que aqueles com apenas DM2.

A finerenona também tem sido estudada para casos de insuficiência cardíaca com fração de ejeção preservada, por meio do estudo FINEARTS. Trata-se de um tipo de difícil diagnóstico e poucas opções terapêuticas, com crescente prevalência devido a fatores como obesidade e sedentarismo.

“Estamos com uma linha de pesquisa promissora também para a insuficiência cardíaca, com novas indicações de tratamentos existentes e moléculas em fases mais avançadas, como a terapia gênica em fase II”, acrescenta Lakryc.

Saúde feminina: da contracepção ao climatério

Com mais de 60 anos de atuação em saúde da mulher, a Bayer busca expandir sua contribuição com foco em métodos contraceptivos de longa duração e novas terapias para diferentes fases da vida reprodutiva e além dela.

A empresa mantém a meta global de beneficiar 100 milhões de mulheres com acesso a contraceptivos de longa duração até 2030, com destaque para o DIU hormonal. Até o momento, mais de 9 milhões de mulheres na América Latina, em países de baixa e média renda, já foram impactadas por iniciativas associadas a esse compromisso.

Entre os produtos de maior destaque está o levonorgestrel 52 mg, contraceptivo intrauterino hormonal que completa 25 anos em 2025 e que, além de seu uso original, tem sido estudado para o tratamento de Sangramento Uterino Anormal (SUA) e reposição hormonal na menopausa.

A Bayer também aguarda a aprovação da elinzanetant, uma molécula não-hormonal indicada para sintomas vasomotores e distúrbios do sono na menopausa. A expectativa é que a autorização inicial ocorra nos Estados Unidos, com posterior submissão regulatória em outros países da América Latina.

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