Como é desagradável esperar alguns anos pelas eleições e se decepcionar novamente ao ver os programas de governo !
Nenhum alento, nenhuma luz no fim do túnel ... as mesmas pessoas, prometendo as mesmas coisas que não deram certo no passado.
Realmente é difícil entender a lógica: deve ter muita gente que acredita que o que se propõe dá resultado, porque os marqueteiros de campanha costumam direcionar os programas de acordo com aquilo que as pessoas querem, senão não dá voto, e esta é a razão de afirmar que é difícil entende a lógica. A decepção vem da análise de que todos os partidos políticos, em todas as instâncias governamentais, não têm plano de governo desenvolvidos por técnicos que sabem o que é necessário para resolver os problemas são panfletos de propaganda desenvolvidos por quem sabe o que dá voto.
Por exemplo, escutamos: Vamos inaugurar centros integrados de saúde, hospitais, centros de diagnósticos, etc., equipados com os mais avançados equipamentos. Nas eleições passadas foi a mesma coisa. Não duvido mesmo se alguém disser que foi inaugurado 1 serviço de saúde para cada cidadão, mas duvido que 1 único cidadão realmente tenha sentido alguma melhora no sistema de saúde público. Então, por que acreditar que inaugurar mais hospitais é a solução para este sistema de saúde caótico ?
Escutamos: Vamos contratar mais médicos. Ouvimos isso também nas eleições passadas, e também não duvido que o número de médicos tenha sido multiplicado por mil, mas duvido que na prática isso significou melhoria na assistência dos pacientes do sistema público de saúde. Então também perguntamos: por que acreditar que contratar mais médicos é a solução para este sistema de saúde caótico ?
Poderia citar tudo que estão dizendo que vão fazer, e lembrar que já foi dito nas eleições passadas, e não deu resultado. Não há discurso de qualquer instância de governo que faça alguém acreditar que nosso sistema de saúde realmente evoluiu, quando analisamos o resultado para o maior necessitado: o paciente. Tudo o que está sendo proposto tem sido feito há décadas, e o resultado continua sendo um sistema de saúde público caótico !
Você conhece alguém, em qualquer cidade do Brasil, governada por qualquer partido político, que tenha abandonado seu plano de saúde porque o SUS passou a lhe atender de forma satisfatória ?
Fala sério !
Só conheço gente que troca a saúde suplementar pelo SUS quando falta dinheiro no bolso !!!
Dizer vou construir mais hospitais é fácil, porque dá voto e é barato. Dizer vou fazer os hospitais funcionarem com eficiência e eficácia, isso ninguém diz, porque não dá voto e exige mais do que simplesmente tirar dinheiro de um bolso e passar para outro ... exige esforço de gestão e abandono de qualquer tipo de interesse partidário ou individual.
Temos milhares de equipamentos públicos inaugurados nos últimos anos, e centenas em promessas de campanha. Cada um deles rotulado como a solução para o nosso problema, em pouco tempo após a inauguração se transforma em um elefante branco, ineficaz, ineficiente, sem gerar o resultado que a população necessita. Os programas de governo que vemos são apenas a continuidade da reprodução de elefantes brancos em cativeiro.
Quem é do ramo gostaria de ver programas de governo diferentes, por exemplo: comprometidos com a valorização dos profissionais que já estão nos hospitais existem, capacitando-os de forma adequada, e motivando-os a produzir mais. Como é politicamente incorreto dizer durante a campanha que os funcionários públicos necessitam de capacitação, afinal de contas o marqueteiro de campanha vai dizer que eles (os funcionários públicos que trabalham em hospitais) vão ficar ofendidos e não darão o seu voto, isso não entra no plano, mesmo não sendo verdade que eles ficariam ofendidos.
Quem não é do segmento da saúde não sabe o quanto os funcionários públicos da área da saúde entendem sua atual condição. Não sabem avaliar o quanto eles retribuiriam se o governo parasse de investir tanto em concreto e argamassa e reservasse parte do orçamento para investir na capacitação e motivação para quem está diretamente envolvido na assistência ao paciente. Só quem convive com eles sabe a dificuldade que têm, e o que sentem ao constatar que os serviços de saúde privados oferecem muito mais condições de trabalho do que o governo lhes concede.
Neste ano mais uma vez tive a benção de poder atuar profissionalmente dando aulas em cursos para algumas centenas de profissionais do segmento da saúde, sendo quase a metade formada por profissionais que atuam em hospitais públicos e santas casas. Digo a benção porque me considero privilegiado em poder ajudar na capacitação em gestão de profissionais que, além de necessitar muito do conhecimento que é passado, agradecem a rara oportunidade de poderem se atualizar.
A maioria absoluta destes profissionais de saúde presentes nos cursos não esteve lá porque um programa de governo assim definiu: esteve lá porque um administrador hospitalar, por sua conta e risco, tirou verba de algum outro recurso e julgou que capacitação é tão importante quanto, por exemplo, adquirir um novo equipamento de ultrassom. Infelizmente a raríssima capacitação dos profissionais que atuam no segmento público de saúde do Brasil é resultado da iniciativa de meia dúzia de administradores hospitalares visionários que têm coragem de remar contra a maré.
Capacitação é apenas um exemplo. Gostaríamos muito de ver programas de governo direcionados para a melhoria da gestão, a desburocratização, a humanização, a eficácia assistencial, a pesquisa, o desenvolvimento de produtos, a eficiência administrativa, e outras coisinhas que não dão voto, e os marqueteiros de campanha, por não conhecerem o segmento, não sabem avaliar o real potencial de resultado que podem trazer para a população. Não conseguem avaliar, por exemplo, que é muito melhor para a população aumentar o giro dos leitos existentes, do que aumentar o número de leitos.
Para cada hospital bonitinho que se inaugura e dá voto, dezenas de outros que já existem vão sendo gradativamente negligenciados pela gestão pública da saúde: perdem para a iniciativa privada os médicos, enfermagem, fisioterapeutas, nutricionistas, administradores hospitalares ... a gestão de materiais vai afrouxar, e começar a faltar medicamentos ... a gestão predial vai afrouxar e as coisas literalmente vão parar de funcionar ... o faturamento vai afrouxar e a receita vai começar a minguar.
Que pena que os programas de governo que estamos vendo:
- Continuam tendendo à importar jogadores argentinosao invés de capacitar e motivar os nossos jogadores a não irem atuar na Europa;
- Continuam pregando que o futebol brasileiro vaimelhorar porque temos meia dúzia de estádios novos padrão FIFA, ao invés depensar que 99% dos jogos continuarão sendo jogados nos ditos estádiosultrapassados, ao Deus dará.
Que pena que os programas de governo continuam sendo somente políticos e não especializados !