Um estudo publicado na revista científica eLife traz evidências de um método de pontuação baseado em parâmetros de um hemograma completo para predizer quais pacientes de covid-19 têm maior probabilidade de progredir para uma fase mais grave da doença.
Conduzido em 11 hospitais na Europa, tem como vantagem o prognóstico baseado em mensuração clínica comum, além da geração automática da pontuação junto com os resultados do hemograma. O exame é feito até 3 dias após o atendimento inicial.
Segundo explicam os pesquisadores, o objetivo da pontuação é “auxiliar na estratificação objetiva do risco para apoiar decisão terapêutica desde o início e, assim, facilitar intervenções oportunas, como necessidade de internação na unidade de terapia intensiva (UTI) ou não, antes que os sintomas de doença grave se tornem clinicamente evidentes, com a intenção de melhorar os desfechos dos pacientes e não de prever a morte".
O método de pontuação contém parâmetros para neutrófilos, monócitos, glóbulos vermelhos e granulócitos imaturos e, quando disponíveis, medidas de biodisponibilidade de reticulócitos e de ferro.
Para Andre van der Ven, médico especialista em doenças infecciosas e professor de saúde internacional na Radboud University Medical Center for Infectious Diseases (RCI) na Holanda, a covid-19 traz alterações específicas nas células circulantes do sangue que podem ser identificadas através de um exame de sangue de rotina. "Essas alterações específicas também são vistas no curso inicial da covid-19, sendo mais acentuadas naqueles que desenvolverão doença grave do que naqueles com doença leve", completa.
Andre e outros pesquisadores criaram um algoritmo baseado em 1.587 hemogramas completos de 923 adultos. Eles também validaram o sistema de pontuação em um segundo grupo com 217 mensurações de hemogramas de 202 pessoas. Os resultados foram concordantes: a pontuação previu a necessidade de cuidados intensivos em 14 dias, com acurácia de 70,5% no grupo de desenvolvimento e de 72% no grupo de validação.
Após os resultados, ao longo de 14 dias, a maioria dos pacientes que tinham classificação "não críticos" (NC) nos três primeiros dias permaneceram clinicamente estáveis, enquanto o grupo “doença crítica” progrediu. A gravidade clínica atingiu o pico no sexto dia.
O estudo completo foi publicado na revista eLife no dia 21 de dezembro de 2020 e pode ser acessado de forma online.
