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Uma Fábula sobre a Partilha de Camelos

Article-Uma Fábula sobre a Partilha de Camelos

Como ceder as posições pode salvar a cadeia de OPME

Permitam-me compartilhar

uma história que li há muito tempo e que, relembrada na última semana, me fez

automaticamente traçar uma analogia entre seu contexto e o atual momento dos

conflitos que envolvem o fornecimento, uso e cobrança de OPME’s.

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Vindo das longínquas terras árabes e das páginas do livro “O

homem que calculava” de Malba Tahan, Beremiz Samir era um matemático do século

X que durante uma viagem pelo deserto , acompanhado de um amigo,  avistou três homens em uma intensa discussão.

Com a peculiar curiosidade daqueles que gostam de aprender,

Beremiz se aproximou do grupo e questionou os conflitantes sobre os motivos de

tamanha discórdia, sendo atendido pelo mais velho deles:

- Somos irmãos – disse ele -  e recebemos como herança 35 camelos. Segundo a

vontade expressa de meu pai, devo receber a metade destes animais, cabendo a

meu irmão Hamed uma terça parte e a Harim, o mais novo, uma nona parte. Não

sabemos, porém, como dividir dessa forma a cáfila, pois a cada partilha

proposta, segue-se a recusa dos outros dois, pois a metade de 35 é 17,5. Como

fazer a partilha se a terça e a nona parte de 35 também não são exatas?

- É muito simples – respondeu Beremiz – Encarrego-me de fazer

com justiça essa divisão se permitirem que eu junte a seus 35 camelos da

herança o animal que eu e meu amigo estamos utilizando na travessia do deserto!

Surpresos com a proposta que aumentaria o montante de camelos

da partilha, os três irmãos consentiram o acordo à custa da indignação visível

do amigo de Beremiz, que se perguntava como seguiram viagem sem seu único meio

de transporte.

- Vou, meus amigos, – disse o homem que calculava – fazer a

divisão justa e exata dos camelos que são agora 36. Para o irmão mais velho,

cuja partilha inicial era de 17,5 camelos, ofereço a mesma metade, cuja quantia

final passou a ser 18. Nada terás a reclamar, pois é claro que saíste lucrando

com esta divisão.

- Para Hamed, cujo testamento de seu pai o garantia 11

camelos e pouco, volto a oferecer a mesma terça parte sobre 36, o que somará 12

animais. Como vê, não poderás protestar, pois há um visível lucro a seu favor.

- Por último, para Harim, também mantenho a fração de 1/9,

concedendo-lhe 4 camelos e não mais 3 e pouco. Também, só tens a agradecer-me

pelo resultado.

- Pela vantajosa divisão feita entre os irmãos – partilha em

que todos três saíram lucrando – couberam 18 camelos ao primeiro, 12 ao segundo

e 4 ao terceiro, o que dá um resultado (18 + 12 + 4) de 34 camelos. Dos 36

camelos, sobram, portanto, 2.

Um pertence como sabem ao meu amigo e companheiro, outro toca por direito a

mim, por ter resolvido a contento de todos o complicado problema da herança!

- És inteligente, ó Estrangeiro! – exclamou o mais velho dos

três irmãos.

– Aceitamos a vossa partilha na certeza de que foi feita com justiça e equidade!

E o astucioso Beremiz – o homem que calculava – tomou logo posse de um belo

camelo, fazendo o restante da viagem para Bagdá em sua confortável  montaria particular.

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Os leitores devem estar

se perguntando: Mas qual a relação desta história com órteses, próteses e

materiais especiais?

Bem, que tal atribuirmos

papéis deste conto ao atual cenário das relações envolvendo a cadeia de OPME?

Nele poderíamos

determinar que todo o fluxo de autorização, pagamento e uso dos materiais

representassem a partilha de 35 camelos a ser realizada.

A tríade de irmãos

poderia figurar como os agentes da relação: Fontes Pagadoras, Hospitais e

Fornecedores. Todos eles se veem diante de um dilema de distribuição justa de

recursos, sempre com receio de que a outra parte possa levar maior vantagem na

partilha.

É interessante destacar

que eles evitam um rompimento integral das relações pelo simples motivo de que

dependem uns dos outros. Afinal, se não existir o consenso dentro da família,

não existirá o que dividir.

O papel do amigo de Beremiz poderia ser desempenhado pelos

cirurgiões, meros espectadores no início do conflito e que passam a se

preocupar e envolver, à medida que percebem o risco de perder algo.

Por último, restaria Beremiz,

aquele que se beneficiou de um acordo aceito entre os irmãos, possível somente

quando eles escolheram ceder parte dos recursos que insistiam em preservar.

Para Beremiz, eu escolho

o papel dos Pacientes.

 

Disponível também em www.condutasaude.com.br