faz parte da divisão Informa Markets da Informa PLC

Este site é operado por uma empresa ou empresas de propriedade da Informa PLC e todos os direitos autorais residem com eles. A sede da Informa PLC é 5 Howick Place, Londres SW1P 1WG. Registrado na Inglaterra e no País de Gales. Número 8860726.

Como entender os problemas da variação cambial?

Article-Como entender os problemas da variação cambial?

btsdhabxoa14has8qmzlhq3r5

Uma das características que definem uma nação é a existência de uma moeda própria. O que é uma moeda? É algo que as pessoas acreditam que tenha valor e, mais, acreditam que tenha reserva de valor, ou seja, que possa ser utilizada hoje, amanhã e sempre e que sirva de meio de troca por bens e serviços. Basicamente, estas características definem uma moeda.

Ela é uma unidade de troca, é um meio de compra e possui reserva de valor. E como sua existência está geralmente associada a uma nação, teoricamente, cada nação possui a sua. Tentou-se (e ainda se está tentando) unificar a moeda (Euro) no continente europeu, que já é utilizada por 19 dos 28 Países que compõem a União Européia e existe oficialmente desde Janeiro de 1999.

Os problemas decorrentes desta iniciativa são bem conhecidos, mas para ficar claro, pode-se pensar no preço de uma Coca-Cola na Alemanha e na Grécia na véspera da implantação da nova moeda, em marcos (moeda alemã antes do Euro) e em dracmas (moeda grega antes do Euro). Quem pagou mais e quem pagou menos pela mesma Coca-Cola quando a nova moeda foi instituída? Fácil perceber. Um controle central (para evitar a emissão desenfreada e sustentar assim seu valor) e os preços relativos explicam os porquês dos problemas que perduram na União Européia e ainda são dramáticos para alguns países membros.

O dólar, moeda americana bastante conhecida e aceita em todo o mundo, acaba sendo um meio confiável que viabiliza as trocas mundiais e serve de parâmetro de paridade para muitas outras moedas, visto que todas elas mantêm uma relação constantemente atualizada de equivalência com a moeda americana. Além de ser aceita em todo o mundo.

No Brasil, viveu-se uma época com a cotação muito próxima (US$1,00 – R$1,00), o que apresentava conseqüências boas e ruins. Para quem ia ao exterior e fazia compras, era o melhor dos mundos, pois os preços eram muito compensadores. Isto quer dizer que eram necessários menos reais para se adquirir certa quantidade de dólares e uma infinidade de mercadorias, mas, para quem exportava, a situação era bem mais delicada, pois realizaria, da mesma forma, menos reais pelos dólares que recebia como pagamento.

Existe um princípio em Economia conhecido como Vantagens Comparativas, que, de certa forma, explica como o comércio entre as nações se organiza em função de características mais favoráveis para a produção de certos bens em certos países. Assim, o Brasil acabou por se especializar em commodities para exportação (que vem ajudando o País a pagar suas contas externas) e em importar produtos de maior tecnologia.

Sem entrar muito nas razões e sem questionar muito esta ideia, os produtos de maior tecnologia acabam por ter um maior valor agregado nesta relação de troca. E o valor da moeda também acaba por interferir muito nesta paridade.

O que ocorre se um exportador faz uma venda para o exterior de US$ 1 milhão? Se o câmbio estiver, por exemplo, $1,80, ele receberá R$ 1,8 Milhões. Mas se estiver a R$3,04 (cotação de 7/5/15), ele receberia R$3,04 Milhões pelo mesmo volume exportado.

O problema é que ocorre exatamente o inverso quando se traz algo de fora via importação. Assim, quanto mais o real se desvalorizar frente ao dólar, mais caras ficam as importações e mais valorizadas (em dólares) ficam as importações. E os produtos importados ficam mais caros quando trazidos para o país mesmo que não tenham ocorrido majorações nominais de preços.

Este raciocínio dá uma boa dimensão do que representou a recente desvalorização do real para a economia brasileira, bem como o porquê dos resultados mais positivos nos setores tradicionalmente exportadores.