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A relação entre a taxa de mortalidade de câncer e o PIB

Article-A relação entre a taxa de mortalidade de câncer e o PIB

Estudo internacional correlaciona as taxas de mortalidade de câncer com Produto Interno Bruto e o investimento per capita em saúde

Quanto maior o orçamento em saúde, maior chance de cura de pacientes com câncer de mama. A constatação é do trabalho recentemente apresentando no 2013 European Cancer Congress (ECC2013), em Amsterdam na Holanda, e publicado simultaneamente na revista Annals of Oncology.

Um dos autores do estudo, Evandro Azambuja, oncologista brasileiro que trabalha no Breast European Adjuvant Studies Team (BrEAST), na Bélgica, comenta que investimento em saúde foi fortemente correlacionado com desfechos clínicos melhores. Os pesquisadores observaram que, apesar de grande esforço de uniformizar condutas nos países, existe importante disparidade entre os países do oeste e leste europeu. Os dados de investimento em saúde, incidência e mortalidade do câncer de mama foram obtidos da Organização Mundial da Saúde, Fundo Monetário Internacional e Banco Mundial.

Foram estimadas as taxas de mortalidade de câncer e correlacionados com PIB (produto interno bruto) e percentagem de investimento per capita em saúde. Não foi surpreendente que os resultados descreveram disparidades entre os valores alocados para saúde entre países e houve forte correlação entre estes valores e a chances de sobreviver ao câncer, assinala Azambuja.

Em países com gastos inferiores a US$ 2.000 per capita, como Romênia, Polônia e Hungria, aproximadamente 60% dos pacientes faleciam após diagnóstico do câncer. Em países com investimentos entre US$ 2.500 e US$ 3.500, como Espanha e Portugal, as taxas eram de 40 a 50% e em países com gastos de US$ 4.000 ou mais, como França, Reino Unido e Alemanha, as taxas eram menores de 40%.

Os autores focaram em câncer de mama, doença na qual a triagem com mamografia traz forte impacto nas taxas de sucesso. A correlação entre incidência (casos novos) e mortalidade também forma exploradas, uma vez que assinalam sucesso das políticas de detecção precoce.

O oncologista do Instituto do Câncer Mãe de Deus, de Porto Alegre, e presidente do capítulo brasileiro da International Society of Pharmaceoconomics and Outcome Research (ISPOR),  Stephen Stefani, chama a atenção para os dados brasileiros que devem ser avaliados com o cuidado de separar a medicina pública da medicina suplementar. O Brasil gasta em torno de 9,6% do PIB em saúde, porém 50% dos valores são contabilizados pelo SUS (80% da população) e os outros 50% com sistema suplementar (20% da população), portanto criando uma iniquidade importante. Mesmo que tenhamos aumentado nosso gasto com saúde de US$ 107,00 per capita para US$ 466,00 na última década, ainda estamos longe dos US$ 549,00 da média mundial.  A diferença com os países ricos é nítida: gasto per capita nos EUA é US$ 3,7 mil, Holanda US$ 4,8 mi e Noruega US$ 6,8 mil. A Romênia, menor valor na Europa, é de US$ 898,00.

A cada ano mais de 50 mil brasileiras recebem a notícia que estão com a doença. Segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca), este é o tumor mais comum entre mulheres e o mais letal na faixa dos 35 aos 54 anos a taxa de mortalidade estimada no Brasil é acima de 60%, - taxa que poderia cair muito com investimentos pertinentes, conclui Stephen.

 

TAG: Hospital