Com o avanço da digitalização na saúde, proteger os dados dos pacientes tornou-se uma prioridade. Os prontuários eletrônicos centralizam informações médicas sensíveis e, por isso, precisam ser resguardados com o mesmo rigor que se espera de um ambiente clínico: com segurança, confidencialidade e rastreabilidade.
Porém, falhas na segurança cibernética, acessos indevidos e a falta de um plano de gestão de riscos podem expor essas informações a vazamentos, sequestros de dados e outros tipos de ataques.
Entender como proteger prontuários eletrônicos é fundamental para qualquer instituição que busca oferecer um serviço seguro, ético e conforme as normas de proteção de dados. A seguir, conheça boas práticas para evitar essas ameaças e fortalecer a integridade da informação médica.
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Quais são os principais riscos dos prontuários eletrônicos?
A digitalização dos prontuários trouxe agilidade e eficiência para o setor, mas também abriu portas para novos riscos.
Sem uma estratégia robusta de segurança cibernética, os dados de saúde ficam vulneráveis a ataques que comprometem a confidencialidade, a integridade e a disponibilidade das informações.
Conhecer os principais riscos é o primeiro passo para entender como proteger prontuários eletrônicos:
Ameaças cibernéticas no setor de saúde
Hospitais, clínicas e operadoras de saúde se tornaram alvos preferenciais para cibercriminosos, justamente pela quantidade e sensibilidade dos dados armazenados.
Entre as principais ameaças estão:
- Phishing, onde e-mails falsos enganam usuários para capturar senhas ou instalar malwares;
- Malware e ransomware, que podem sequestrar ou danificar os prontuários eletrônicos até que um resgate seja pago;
- Ataques a redes mal protegidas, explorando falhas em firewalls e em protocolos de acesso seguro.
O impacto pode ir além da paralisação dos serviços: a exposição de dados médicos pode gerar processos judiciais, abalar a confiança dos pacientes e colocar vidas em risco. Por isso, a prevenção de violação de dados precisa ser parte integrante do planejamento de TI.
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Riscos internos e externos
Embora os ataques externos sejam os mais noticiados, muitos incidentes graves têm origem dentro da própria instituição.
Erros humanos, como envio de dados por e-mail não seguro ou senhas compartilhadas entre equipes, são recorrentes.
O relatório Cost of a Data Breach Report 2024 da IBM indica que, globalmente, 22% das violações de dados em todos os setores são atribuídas a erro humano, enquanto 23% resultam de falhas no sistema de TI.
Outros fatores críticos incluem:
- Sistemas desatualizados, sem correções de segurança recentes;
- Falta de um sistema de gestão de segurança da informação;
- Controle de acesso mal definido, permitindo que usuários tenham permissões além do necessário;
- Ausência de autenticação multifator, que dificulta o acesso indevido mesmo em caso de senhas comprometidas.
A gestão de riscos eficaz passa por identificar esses pontos frágeis e implementar rotinas como auditorias de segurança, treinamentos periódicos e monitoramento constante.
Formas de proteger os prontuários eletrônicos
Garantir a segurança dos prontuários não é apenas uma exigência legal: é uma responsabilidade ética e estratégica. Implementar medidas eficazes de proteção de dados reduz os riscos de ataques, vazamentos e paralisações nos serviços.
A seguir, conheça as principais formas de como proteger prontuários eletrônicos.
Criptografia de prontuários
A criptografia de prontuários é uma técnica que protege os dados médicos ao transformar as informações em códigos ilegíveis para quem não tiver autorização de acesso.
Ela funciona como um cadeado digital: mesmo que os dados sejam interceptados, eles não podem ser lidos sem a chave correta.
Esse recurso é fundamental tanto para o armazenamento de informações médicas quanto para sua transmissão entre sistemas — como quando os prontuários são acessados por diferentes unidades de uma rede de saúde ou enviados para operadoras.
Além de aumentar a segurança de dados de saúde, a criptografia ajuda clínicas e hospitais a estarem em conformidade com normas de proteção de dados, como a LGPD no Brasil e, em contextos internacionais, a HIPAA.
A HIPAA (Health Insurance Portability and Accountability Act), embora seja uma regulamentação americana, é usada globalmente como referência em boas práticas de segurança da informação na saúde.
Ela exige, por exemplo, o uso de criptografia para proteger dados eletrônicos de pacientes (ePHI), controle de acesso restrito e políticas claras de privacidade.
Autenticação multifator
Uma senha por si só já não é suficiente. A autenticação multifator (MFA) adiciona uma camada extra de proteção exigindo, por exemplo, um código enviado por SMS, um token ou biometria.
Esse método dificulta acessos indevidos mesmo quando credenciais são comprometidas, sendo especialmente importante para profissionais que acessam prontuários de diferentes dispositivos ou redes.
Implementar MFA faz parte das boas práticas de sistema de gestão de segurança da informação e contribui diretamente para a prevenção de violação de dados.
Controle de acesso e gerenciamento de usuários
Outro pilar da segurança é o controle de acesso: definir quem pode ver, editar ou compartilhar os prontuários, com base em perfis e responsabilidades.
É preciso estabelecer regras claras para cada nível de acesso, restringindo, por exemplo, a visualização de determinados dados apenas a médicos autorizados ou setores específicos.
Além disso, o gerenciamento de usuários deve ser dinâmico: ao desligar um colaborador, seu acesso deve ser imediatamente revogado. Auditorias periódicas ajudam a garantir que as permissões estejam sempre atualizadas.
Firewall de rede e cibersegurança em saúde
A proteção do ambiente digital depende de camadas robustas de defesa. Um bom firewall de rede é fundamental para filtrar tráfego malicioso e impedir tentativas de invasão.
Ele atua como uma barreira entre o sistema de prontuários e ameaças externas, bloqueando conexões suspeitas e monitorando o uso de portas e protocolos.
Essa medida deve ser combinada com práticas atualizadas de cibersegurança em saúde, como monitoramento contínuo, sistemas antivírus e atualizações constantes de software.
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Backup de dados
Mesmo com todas as defesas, falhas técnicas, desastres naturais ou ataques podem ocorrer. Ter um plano de backup de dados é o que garante a continuidade dos serviços.
O ideal é adotar backups automáticos, armazenados em ambientes seguros, de preferência com cópias off-site (fora da unidade física principal). Isso reduz o risco de perda definitiva em caso de sequestro de dados (ransomware) ou falha sistêmica.
A rotina de backup também deve incluir testes regulares de restauração, para garantir que as cópias realmente funcionem em caso de necessidade.
Proteger prontuários eletrônicos é uma prioridade que vai além da tecnologia: envolve cultura organizacional, responsabilidade ética e compromisso com a segurança do paciente.
Investir em criptografia, controle de acesso, autenticação multifator, firewall de rede, backup de dados e treinamento de equipe são passos fundamentais para garantir a segurança cibernética e a integridade das informações médicas.
Ao adotar uma abordagem proativa — que inclui gestão de riscos, auditoria de segurança e atualização constante de sistemas —, as instituições de saúde reduzem sua vulnerabilidade e demonstram maturidade na proteção de dados e na conformidade com legislações como a LGPD e normas internacionais como a HIPAA.
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