As regulamentações do setor, planos de governo e a literatura até então produzidas possuem uma característica em comum: a de separar a saúde pública e privada. Durante o Saúde Business Forum ficou evidente que essa dicotomia deve morrer, caso contrário, é o sistema quem vai padecer até seu colapso.
?O diagnóstico está dado?. Por inúmeras vezes ouvi essa afirmação de diferentes representantes do setor e, realmente, os problemas estão evidentes e sendo discutidos ? mesmo que recentemente – abertamente entre os elos, entretanto, as soluções são bastante complexas. Mudanças culturais estão em jogo como a do diálogo e a efetiva integração entre as esferas pública e privada; conscientização da população para a importância da prevenção e promoção à saúde, além do conhecimento do funcionamento do sistema e; obviamente, novas políticas de remuneração e financiamento.
?O papel da ANS é entrar cada vez mais no Ministério em prol de uma política de saúde única. Muitos prestadores da saúde suplementar possuem padrões de excelência e, hoje, o gestor público tem buscado melhoria no atendimento utilizando esse parceiro. As PPPs são exemplos disso?, afirma o Secretário de Estado de Saúde do Rio de Janeiro, Sérgio Côrtes.
Na opinião do presidente da ANAHP (Associação Nacional dos Hospitais Privados), Francisco Balestrin, os hospitais deveriam ser mais proativos. ?Eles estão acostumados a cuidar apenas do dia a dia da instituição, mas deveriam tomar a iniciativa e firmar parcerias e contribuir com a área pública?.
O presidente da ANS, Maurício Ceschin, chamou a atenção para a importância econômica do setor de saúde, que movimentando cerca de R$ 180 bilhões por ano. ?A saúde suplementar do Brasil é a segunda maior do mundo e, praticamente, não existe diálogo com o público. Vai ser imprescindível essa junção?, ressalta.
Custo
A pressão dos custos, tendo em vista o crescimento da demanda, avanço da tecnologia médica e medicamentosa, é o grande dificultador para o acesso, segundo Côrtes. ?Tem que se discutir prioridade. Não dá para aplicar 3,8% do PIB em saúde, como o país pode querer crescer e continuar com esse investimento pífio?, afirma o secretario referindo-se a quantia direcionada pela esfera pública. A Argentina, por exemplo, destina em média 7,5%.
Os médicos e outros profissionais do segmento sentem no bolso os problemas de financiamento. Presente também no painel, o vice-presidente da AMB (Associação Médica Brasileira), Jorge Curi, defendeu a implantação de uma carreira de Estado para os médicos, pois, segundo ele, este seria um inventivo para a fixação desses profissionais em cidades do interior e em regiões de difícil acesso.
Além disso, Curi defendeu melhorias nas negociações de remuneração com os planos. ?Hoje os honorários são completamente incompatíveis com a manutenção de um consultório?, alerta.
Educação e conscientização do paciente foi um dos aspectos lembrados pelo presidente da FenaSaúde (Federação Nacional de Saúde Suplementar) e também presidente do Bradesco Saúde, Márcio Coriolano. ?O consumidor tem que saber o que está consumindo e como funciona o sistema. Ele tem que saber que os recursos são escassos?.
Tags