Que os mercados emergentes são foco estratégico para a divisão de saúde da Philips todo mundo sabe. A novidade é que a empresa agora quer dominar as informações dos pacientes, como salienta o vice-presidente da Philip Cuidados com a Saúde para a América Latina, Daurio Speranzini Júnior.
A empresa acaba de anunciar em primeira mão para o Saúde Business Web a aquisição de uma nova empresa, a Tecso. Focada em Radiology Information System (RIS), a companhia, que já trabalhava como parceira da Philips em projetos de PACS e RIS, surgiu como o início ideal para a Philips consolidar suas estratégias dentro do segmento de TI em saúde. “Temos um projeto muito bem estruturado dentro dessa área. E sabemos que no cenário local nem sempre é possível trazer soluções internacionais. As necessidades são diferentes, por isso buscamos empresas que nos ajudem nesse processo”, afirma o executivo.
Hoje a Tecso conta com 60 clientes. Mesmo com uma participação tímida no mercado, a empresa chamou a atenção pelo nível de satisfação gerado nos clientes. “Dentro das pesquisas que fizemos de avaliação de possíveis aquisições, a Tecso mostrou índices de satisfação de clientes maiores que os de mercado, um dado relevante, para um setor que apresenta muitos problemas com a integração de sistemas e com o pleno funcionamento das soluções”, pontua Speranzini.
Com a compra da empresa, a Philips pretende alinhar a sua representatividade no mercado com a qualidade na integração das soluções PACS e RIS. “Temos braço para aumentar a participação da solução no mercado e temos expertise na entrega dos projetos integrados. Vamos não só aumentar a participação com novos clientes, como também há muitas oportunidades em substituições de soluções que não estão atendendo adequadamente o mercado”, enfatiza o vice-presidente. O valor da negociação não foi dilvulgado.
A empresa ainda não divulga os próximos passos do projeto em TI. Ao questionar se já está prevista a busca de um parceiro local para soluções de Hospital Information System (HIS), o portal Saúde Business Web obteve como resposta um esquivo do executivo, mas acompanhado de um sorriso misterioso. A companhia não comentou os boatos de que estaria em negociação com a Wheb Sistemas, empresa especializada em sistema de gestão hospitalar.
Mercados emergentes
A busca pelo fortalecimento do braço de TI em saúde no Brasil está relacionada com a estratégia global da Philips para os mercados emergentes. Trabalhando no conceito de cuidado integral em saúde a empresa tem a informação como a principal ferramenta. “Queremos ter soluções que sejam capazes de prover informações relevantes para os médicos, para os pacientes, para as instituições e para o governo, para que seja possível atuarmos estrategicamente na gestão da saúde”, aponta o CEO de Mercados Emergentes da Philips Heatlhcare, Ronald de Jong.
E a aposta da multinacional holandesa tem a ver com o grande potencial que os países emergentes apresentam. Hoje, esses mercados representam 35% das vendas globais em saúde. Segndo pesquisas da empresa, 85% da população mundial está nos países emergentes, e será onde o crescimento populacional será mais significativo. A estimativa é que até 2050 a população mundial chegue a 9 bilhões de pessoas. Além disso, os índices mostram que em 2020, 75% das mortes será em decorrência de câncer, e ainda haverá aumentos significativos de doentes crônicos. “Diante desse cenário, há uma oportunidade imensa para a empresa, pois queremos atuar em cuidado integral em saúde e vamos encontrar soluções para esses desafios”, pontua Jong.
Pela potência desse mercado, a Philips estruturou há dois anos uma área focada em mercados emergentes, para criar estratégias de crescimento orgânico e inorgânico nesses países. E é o que vem acontecendo no Brasil.
A Tecso é a terceira aquisição da Philips no setor. A primeira foi a VMI em 2006, especializada em Raio X, e que marcou a estratégia para o setor de imagem; a segunda foi a Dixtal, em 2007, focada em cuidados críticos e anestesiologia. As compras refletem a estratégia da empresa em ter representatividade nacional no conceito de cuidado integral em saúde. Como resultados, a empresa também colabora para a transferência de tecnologia e consequente desenvolvimento da indústria local. “Já desenvolvemos o primeiro carro de anestesiologia com pura tecnologia nacional em parceria com a Dixtal, e estamos em processo de reconhecimento de produção local, pelo governo federal, que utilizou os inputs da Philips como referência”, aponta o vice-presidente.
Para 2010, a empresa tem como meta melhorar o serviço de pós-venda. No segundo semestre, deverá ser inaugurado no Brasil um novo centro de treinamento, o quarto da Philips no mundo, que tem como o objetivo treinar não só os engenheiros e técnicos da empresa como também os clientes. E novas aquisições não estão descartadas.
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