Há 60 anos a APAM – Associação Paulista de Amparo à Mulher – organização sem fins lucrativos sediada na Barra Funda, em São Paulo, atua em prol de mulheres em situação de vulnerabilidade social por meio da qualificação profissional e valorização de suas famílias. Além de cursos profissionalizantes, a Associação oferece acompanhamento através de Programas próprios de Empregabilidade e Assistência Social às famílias das mulheres atendidas.
Desde 2010, a Associação, em parceria com a Paróquia São Geraldo, da Arquidiocese de São Paulo, oferece cestas básicas mensais às famílias cadastradas em seu Programa de Assistência Social. No entanto, um balanço do Programa mostrou que a ação estava evidenciando o caráter dependente das famílias, e para mudar o cenário, a APAM lançou em agosto desse ano o Projeto Mercado Social, cujo objetivo é estimular ações educativas e de cidadania do público atendido.
“Ao invés de continuarmos com a postura de tutela, percebemos que a cesta básica poderia possibilitar um trabalho de construção da autonomia destes indivíduos se introduzíssemos os conceitos da economia solidária, um conceito que trata da criação de uma moeda social, conquistada de forma igualitária e justa e que permite a troca por bens ou serviços”, explica Ir. Érika Maida, Coordenadora da APAM.
Por meio de reuniões com as famílias atendidas, a APAM definiu ações e seus “valores”, bem como o nome da moeda social – denominada “Brasileira” – cuja finalidade é a troca de produtos para complementar a cesta básica. A ideia é que desta forma, cada família atendida seja estimulada a conquistar, por meio de ações de cidadania, educativas e de saúde, a moeda social até o dia anterior ao do “Mercado Social”.
“Ainda of erecemos a cesta básica para as famílias, mas com a moeda social elas podem ‘comprar’ produtos ou outros alimentos para complementá-las”, diz Ir. Érika Maida. Para ganhar a moeda social, as famílias devem cumprir ações e atividades como a participação em oficinas da APAM ou outros cursos, filhos matriculados – e com frequência – na escola ou creche, inserir os filhos em projeto sociais, manter as vacinas atualizadas, conseguir e manter emprego formal com carteira assinada ou contrato de trabalho, frequência em consultas médias, dentre outros.
“Para cada ação contabilizada, a família recebe um valor específico de moedas. Com duas moedas, por exemplo, podem comprar um uma lata de óleo, um pacote de macarrão, 1 kg de feijão, entre outros produtos no Mercado Social, ou, ainda, com uma moeda, compram um pacote de bolacha, gelatina, sardinha, goiabada, pipoca”, relata a Coordenadora.
No decorrer da execução do Projeto, a equipe da APAM contará com a participa ção dos usuários na construção das ações e na definição dos direitos e deveres de cada um e da instituição. “Trata-se de um primeiro exercício de democracia que será realizado durante todo o andamento do projeto”, orgulha-se Ir. Érika Maida.
Há, também, reuniões coletivas onde cada participante pode apresentar seu relato individual da experiência. No final de novembro, a equipe da APAM avaliará o progresso e opinião de cada família.
O primeiro Mercado Social aconteceu em 26 de setembro, e do resultado final constam 245 moedas distribuídas aos usuários do Programa e um total de 331 produtos a serem inseridos. “O retorno dos beneficiários durante o Mercado Social foi muito positivo, pois puderam perceber que as ações realizadas durante o mês puderam ser revertidas em um benefício para a sua família”, diz a Coordenadora da APAM. “Era interessante perceber a expressão de felicidade e realização. Já os beneficiários que não conseguiram conquistar muitas moeda s durante o mês ficaram um pouco decepcionados. Esse é o principal objetivo do projeto, que as famílias também possam interagir entre elas e, aos poucos também se estimulando mutuamente”, completa.
O Projeto Mercado Social está em busca de parceiros e aceita a doação de alimentos, produtos de higiene pessoal e outros itens para compor as cestas básicas. Os interessados podem enviar e-mail para [email protected] ou ligar no telefone para atendimento: (11) 3662-3115 de segunda à sexta-feira, das 9h às 17h. Com sede na Rua Dona Elisa, 133, na Barra Funda, em São Paulo, a APAM é gerida por um grupo de Irmãs da Congregação Mensageiras do Amor Divino.