De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 15 milhões de novos casos de AVC acontecem anualmente em todo o mundo. No Brasil, são cerca de 300 mil a 400 mil novos casos por ano. Isso significa que uma em cada seis pessoas sofrerá um AVC, sendo que a maioria sobreviverá com sequelas de diversos tipos, principalmente motoras

O Acidente Vascular Cerebral é responsável por aproximadamente 9% dos óbitos registrados no Brasil, sendo assim a segunda principal causa de morte no País. Aqueles que sobrevivem, em grande parte, irão conviver com limitações de locomoção e atividades diárias, afetando, até mesmo, a higiene pessoal, causando dor e comprometendo a qualidade de vida, não só do paciente, como dos familiares e cuidadores.

Um forte recurso para a reabilitação de pessoas com problemas em decorrência de um AVC é a aplicação de toxina botulínica. “A toxina botulínica promove o relaxamento dos músculos espásticos (com aumento do tônus muscular), melhora a amplitude articular do membro afetado, permite gradual e significativa recuperação motora, bem como contribui para a diminuição da dor, cuidados com a higiene e a qualidade de vida do paciente”, revela a fisioterapeuta Denise Ayres.

O benefício é desconhecido por grande parte da população, e a boa notícia é que o tratamento possui cobertura do Sistema Único de Saúde (SUS) e dos convênios ou planos de saúde. Porém, para que o tratamento alcance efetividade plena, é fundamental, que as aplicações sejam acompanhadas por um programa multiprofissional regular e intenso, que envolve o trabalho de médicos neurologistas e fisiatras, fisioterapia, fonoaudiologia, enfermagem e terapia ocupacional.

De acordo com Denise Ayres, as sessões de fisioterapia devem ser iniciadas o mais rápido possível. “Quanto antes o paciente iniciar este trabalho, melhor será a resposta do organismo, potencializando o ganho obtido com o relaxamento da musculatura. O ideal é que sejam realizados exercícios diariamente, em sessões de 50 a 60 minutos”, relata a fisioterapeuta.

A profissional revela que o alongamento e o fortalecimento da musculatura otimizam o efeito da aplicação da toxina botulínica, contribuindo para a melhora funcional e a mobilidade em geral. “O desafio da reabilitação neurológica será automatizar todas essas aquisições e, para tal, realizamos exercícios de recrutamento muscular, resistência elástica, estimulação elétrica funcional, treino de equilíbrio e marcha, entre outros”, declara.

A aplicação da Toxina Botulínica é realizada através da injeção de doses adequadas nos músculos lesados pela doença, em procedimento minimamente invasivo ao paciente e com efeito exclusivamente local. Dependendo do grau de lesão muscular e da resposta individual, o paciente deve repetir as aplicações em intervalos de cerca de seis meses.