Em entrevista, especialista fala da atenção aos sintomas e da importância da prevenção
O próximo dia 29 de outubro é o Dia Nacional de Prevenção ao AVC. O clínico e cardiologista Antonio Carlos Till, do Vita Check-Up Center, dá orientações sobre a doença que atinge todos os anos, em todo o mundo, 15 milhões de pessoas, segundo dados da Organização Mundial de AVC (WSO) e fala da importância do check-up como ferramenta de prevenção. Dessas, cerca de 6 milhões não sobrevivem. Informações do Ministério da Saúde apontam que, entre 2000 e 2010, a mortalidade por (AVC) caiu 32% na faixa etária até os 70 anos, que concentra as mortes evitáveis. Entretanto, o AVC está entre as principais causas de óbito e internação no Brasil, de acordo com o próprio ministério. Só em 2010, mais de 33 mil pessoas morreram em decorrência da doença nessa faixa etária.
O que é a doença?
O AVC, que significa acidente vascular cerebral, popularmente conhecido como derrame, é uma doença caracterizada por um infarto de uma região de nosso cérebro. Chamamos de infarto a morte de uma parte de um órgão por falta de chegada de sangue e, consequentemente, de oxigênio.
Há dois tipos: o isquêmico e o hemorrágico. No caso do isquêmico, que representa cerca de 75% dos casos de derrame, há um processo de obstrução arterial por um trombo impedindo o fluxo sanguíneo. Quando falamos de um AVC hemorrágico, observamos a ruptura de um vaso, provocando hemorragia no tecido cerebral. Em ambas as situações, aquela região que recebia sangue e oxigênio por aquele vaso e deixa de recebê-los, morre e perde sua função, levando a diversas alterações que podem resultar de um AVC, explica o médico do Vita Check-Up Center Antonio Carlos Till.
Quais as principais causas? E sintomas?
As principais causas estão relacionadas à hipertensão arterial, à arteriosclerose, principalmente com presença de placas em carótidas, a má-formações congênitas vasculares (aneurismas) e a situações de aumento da coagulação sanguínea.
Os sintomas que acompanham o desenvolvimento do AVC referem-se, muitas vezes, à crise hipertensiva, com forte dor de cabeça, tonteiras, alterações visuais (visualização de vagalumes), e outros adicionais já relacionados às consequências mais diretas da isquemia cerebral – como diminuição de força muscular, confusão mental, torpor, perda do estado de lucidez, dificuldade em falar, perda de controle de urina e fezes, dentre outros.
Como o check-up pode ajudar a evitar a doença?
O check-up pode ajudar, principalmente, identificando e chamando atenção para aqueles fatores de risco fundamentais para o AVC. Estamos falando de hipertensão arterial, diabetes, obesidade e alterações de colesterol e triglicerídeos que podem ser diagnosticados por meio do check-up e de fatores de risco externos como o tabagismo, o consumo excessivo de álcool, o uso de pílula anticoncepcional em mulheres e o sedentarismo. Em relação a estes, o check-up tem um papel fundamental como instrumento de aconselhamento e estímulo à mudança de hábitos nocivos à saúde.
O AVC tem uma faixa etária mais atingida?
Sim. A prevalência do AVC aumenta com a idade, até porque alguns dos fatores predisponentes como a hipertensão arterial aumentam sua incidência a partir dos 40 anos de idade. O risco de derrame dobra a cada 10 anos após os 55 anos e é 50% maior em homens entre 55 e 75 anos. Após esta idade, o risco para ambos os sexos é igual.
Fazer exercícios pode ajudar na prevenção?
Sim, de forma muito positiva. Vários trabalhos demonstram que a realização de exercícios aeróbicos diminui o risco de sofrer um AVC, podendo reduzi-lo até a 30%. Aparentemente, as mulheres precisam realizar atividade física aeróbica em maior quantidade que os homens para obter a mesma redução de seu risco.
A boa alimentação é outra arma eficaz?
A boa alimentação – aquela rica em verduras, legumes e frutas e carnes brancas com poucos carboidratos e gorduras – é fundamental. Ela ajuda no controle dos níveis de colesterol e glicose, favorecendo a não progressão da arteriosclerose. O controle no consumo de sal é também importantíssimo, dado seu papel no aumento da pressão arterial, quando ingerido em excesso.
A doença tem cura?
As consequências de um AVC estão na razão direta da quantidade de tecido cerebral que foi atingido e a localização desta área. Por exemplo, se for na parte do nosso cérebro responsável pelo centro da fala, a pessoa perderá a possibilidade de falar. Muitas vezes, vemos pessoas que perdem a força muscular em um dos lados do corpo, isso se deve ao comprometimento de uma região do cérebro responsável pela atividade motora, de movimentos musculares.
A recuperação pode ocorrer por meio de exercícios de fisioterapia ao longo do tempo realizados com muita disciplina. Pode ser longa, porém, quanto mais precocemente iniciada, melhores são os resultados.
Quais as principais dicas para quem deseja se prevenir do AVC?
As principais dicas de prevenção do AVC são atividade física aeróbica regular, controle de peso e consumo de sal, além de não fumar, estar atento ao uso de pílula anticoncepcional e aos níveis de colesterol e fazer seu check-up periodicamente, finaliza Till.