A tecnologia pode ser uma importante aliada da medicina. Porém em pleno século XXI alguns procedimentos adotados nos hospitais, de modo geral, ainda envolvem técnicas artesanais e, muitas vezes, agressivas. Alguns procedimentos, inclusive, fazem as pessoas tremerem somente com a ideia. É o caso da cirurgia de coluna. Indicada em cerca de 5% dos casos, visa resolver problemas graves que não obtiveram solução com outras medidas terapêuticas. No entanto, de solução pode tornar-se um problema. É aí que entra o medo das pessoas de passar por essa cirurgia. Porém nos próximos anos a tendência é que esse quadro mude. Novas técnicas descobertas – e já utilizadas – prometem mais eficiência, menos riscos e mais tranquilidade no pós-operatório. São as Cirurgias Minimamente Invasivas.
Imagine o seguinte quadro: uma mesa de cirurgia, um conjunto de instrumentais, um ambiente hospitalar e cerca de 60 centímetros de coluna vertebral inteiramente aberta e exposta aos elementos. Até um tempo atrás esse era o cenário de uma cirurgia de coluna. Não é mais assim, não em todos os casos. As Cirurgias Minimente Invasivas – como o próprio nome sugere – visam causar menores agressões ao organismo. Nesse caso são realizados pequenos cortes no local a ser operado, ao invés de um grande corte como o relatado acima. Com o auxílio de aparelhamentos modernos, como câmeras de vídeo inseridas nos instrumentais, equipamentos de Raios-X, entre outros, o cirurgião consegue fazer o procedimento com igual eficiência, e mais segurança, mas causando menos impactos.
“Os tratamentos mais modernos usam novas tecnologias, que visam diminuir os riscos e complicações cirúrgicas, focando sua ação na zona doente, que é a fonte da dor”, explica o ortopedista e presidente do IV COMINCO (Congresso Brasileiro de Cirurgia e Técnicas Minimamente Invasivas da Coluna Vertebral), Wilson Dratcu. Segundo ele, os benefícios para o paciente são inúmeros: a redução no tamanho do corte diminui o porte da cirurgia produzindo menos sangramentos, dor e exposição a microrganismos que podem causar infecção. Além disso, o tempo de internação diminui consideravelmente, bem como a recuperação.
Apesar das vantagens desse conjunto de técnicas, os médicos ainda enfrentam entraves, pois os custos dos equipamentos, implantes e dispositivos descartáveis em algumas situações são mais altos, o que desestimula o investimento por parte dos hospitais, sejam eles privados ou públicos. “A chave para o destravamento desta questão é a comprovação numérica das vantagens financeiras em longo prazo como diminuição dos custos hospitalares, cuidados pós-operatórios e de reabilitação”, analisa Dratcu.
Falta muito para isso acontecer, mas a sociedade médica já está se mobilizando para que futuramente todas as pessoas que precisem possam ter acesso às Cirurgias Minimamente Invasivas. Neste ano, a cidade de São Paulo receberá o IV COMINCO. O evento ocorrerá entre os dias 31 de julho e 02 de agosto, no WTC Brasil, e trará autoridades médicas nacionais e internacionais para debater o assunto. Entre os participantes um dos destaques é o Professor Doutor Pil Sun Choi, atual Chefe do Grupo de Cirurgia Minimamente Invasiva do Hospital Beneficência Portuguesa, autor de uma tese premiada sobre cirurgias de coluna e responsável por trazer técnicas modernas e inovadoras dos EUA e Europa e Ásia no que diz respeito ao procedimento. O Congresso será precedido de um Simpósio no Hospital São José da Beneficência Portuguesa de São Paulo, onde será possível assistir ao vivo a realização desse tipo de cirurgia. Para mais informações acesse http://www.cominco2014.com.br/index.php.