Que pai ou mãe nunca se deparou com uma situação de birra do filho? Mau comportamento para não ir a algum lugar ou para tomar banho, choro no supermercado para conseguir o doce da prateleira, e por aí a fora. O comportamento que algumas crianças têm diante de frustrações faz com que pais percam a paciência e, nessa hora, a maioria não sabe lidar de forma correta com a situação. A solução pode envolver castigos, palmadas ou gritos? Segundo Guilherme Torres da Silva, psiquiatra consultor do portal Consulte Aqui (http://www.consulteaqui.com), em vez de “explodir”, os pais devem agir com firmeza, autoridade e claro, muita calma.
“A birra faz parte do comportamento infantil e surge por volta do primeiro ano de idade como uma tentativa da criança de expressar suas vontades e demonstrar certa independência”, diz o especialista. Segundo o psiquiatra consultor do Consulte Aqui, é comum que até a mais quietas das crianças apresente esse tipo de comportamento. Uma das explicações para isso é a imitação. “Ao ver um amiguinho chorar ou se comportar mal por um objeto de desejo e conseguir, a criança, involuntariamente, tende a repetir e tentar a sorte também”, explica.
Nessa hora cabe aos pais agir com firmeza, dizer não e, caso seja necessário, retirar a criança do local. Passar horas falando sobre a atitude repreensível é perda de tempo. “Crianças de até seis anos não se mantêm concentradas em um discurso por mais de 20 ou 30 segundos. A capacidade em aceitar regras faz parte do amadurecimento da criança e se desenvolve ao longo do tempo”, afirma o psiquiatra.
A maneira de lidar com as situações de birra é decisiva. Perder o controle só passa a mensagem de reforço ao ma u comportamento da criança. O ideal é que os pais reforcem as “regras” antes de sair de casa, falem o que é ou não permitido.
Alguns pais têm dificuldade ou pena de dizer não aos filhos, mas para criar adultos equilibrados é preciso impedi-los de manter o hábito de impor suas vontades a qualquer custo. “Crianças que nunca são contrariadas tendem a se tornar adultos agressivos, irritadiços e com tendência à depressão, uma vez que o mundo não lhes dá o mesmo ‘sim’ dos pais”, explica o psiquiatra. Ao barrar o mau comportamento os pais ajudam os filhos a crescerem com maior segurança e confiança em si mesmos. “Quando não há limites, a criança sente mais insegurança e maior dificuldade em ficar longe dos pais ou de se relacionar com outras pessoas. Se os pais cedem a cada desapontamento do filho, estimulam uma personalidade que não sabe lidar com a frustração”, completa.
Ainda que a birra seja um comportamento comum, vale se atentar às incidências dessas situações. A frequência de choros e outras formas de mau comportamento para conseguir algo pode indicar um problema mais sério e, nesses casos, vale procurar ajuda de um especialista. “A birra impulsiona a criança a fixar ideias e não se abrir para outras possibilidades. Quando isso começa a prejudicar o modo como se relaciona com o mundo a seu redor, um psicólogo ou psiquiatra pode indicar a melhor forma de lidar, ou ajudar os pais a descobrirem o que desencadeou tal comportamento”, alerta Guilherme Torres.