O próximo dia 30 de agosto é a data em que se comemora a conscientização sobre a Esclerose Múltipla (EM). A doença, ainda sem cura, acomete o sistema nervoso central (SNC), além de provocar dificuldades motoras e sensitivas que comprometem a qualidade de vida de seus portadores. No entanto, é possível tratar os sintomas e melhorar a qualidade de vida dos pacientes por meio de diagnóstico precoce da doença, adesão e acompanhamento médico adequado.
A manifestação da EM ocorre, em geral, em jovens de 20 a 35 anos na proporção de três mulheres para cada homem. Segundo informações do Ministério da Saúde, em 2010 a taxa de prevalência no Brasil foi de aproximadamente 15 casos para cada 100.000 habitantes.
“O diagnóstico definitivo tanto pode ser quase imediato quanto pode demorar bastante tempo. O médico especialista tem o compromisso de buscar a maior certeza possível neste diagnóstico antes de iniciar seu tratamento”, explica o Dr. Fernando Figueira, Neurologista e Chefe do Serviço de Neurologia do Hospital da Penitência, no Rio de Janeiro.
Nas fases iniciais da doença, os sintomas mais frequentes são relacionados ao comprometimento dos nervos ópticos, com turvação visual – usualmente unilateral, com algum desconforto ou dor local; acometimento medular, com apresentação de dificuldade na movimentação e alterações sensitivas nos membros inferiores; e comprometimento do tronco cerebral, com apresentação de visão dupla ou desequilíbrio.
O tratamento visa, fundamentalmente, evitar a progressão da incapacidade motivada pelos surtos da doença. Por isso, o quanto antes for iniciado, maiores são as chances de sucesso. “Pelo tempo de uso, pelo largo número de pacientes já avaliados, os imunomoduladores ainda são considerados as terapias mais seguras para o tratamento da esclerose múltipla”, explica o Dr. Fernando.
Avanço no tratamento
A Esclerose Múltipla é uma doença complexa, desmielinizante, autoimune e com impacto em diversos domínios. Por não tem causa específica, pode ser desencadeada pela combinação de fatores genéticos e ambientais. Ela compromete a bainha de mielina – camada composta de lipídios que envolve os neurônios. Consequentemente, pode causar lesões motoras, sensitivas e/ou cognitivas. A bainha de mielina funciona como uma proteção aos axônios – prolongamento dos neurônios – por onde são transportados os impulsos elétricos que permitem os movimentos e as sensações de temperatura, tato, olfato, etc. Sem a bainha de mielina, os axônios ficam como ‘fios desencapados’, prejudicando a transmissão desses impulsos à regiões afetadas. Como parte do tratamento é necessário acompanhamento multidisciplinar de especialidades médicas da Neurologia e de outros profissionais de saúde, como fisioterapeutas, terapeutas ocupacionais, psicólogos e nutricionistas.
Os avanços no tratamento da EM foram intensificados a partir dos anos 1990, com as drogas modificadoras. Esses adventos permitiram, pela primeira vez, o tratamento de surtos, retardando o processo de incapacidade do paciente. É consenso entre os especialistas que, tão importante quanto o diagnóstico precoce, é a adesão do paciente ao tratamento em busca de melhor qualidade de vida.