Estudo científico evidenciou que a implantação de protocolo para tratamento de diabéticos foi capaz de reduzir em mais de 40% o período de hospitalização dos pacientes com doenças cardíacas. A pesquisa, intitulada Impacto de um Ano Pós-implementação de Protocolo de Controle Glicêmico em Pacientes Internados no Hospital TotalCor RJ será apresentada, em primeira mão, hoje durante o 30º Congresso da Sociedade de Cardiologia do Rio de Janeiro (Socerj). O evento acontece até o próximo sábado (6), no Centro de Convenções SulAmérica, no Centro da cidade.
A autora do trabalho, a médica Dhiãnah Santini de Oliveira, destaca que o melhor controle do diabetes nos cardiopatas – através de condutas que diminuam a variabilidade e proporcionem maior estabilidade glicêmica –, além de reduzir o tempo de internação, contribui para a redução dos riscos das doenças cardiovasculares, como arritmia, isquemias e infecções.
O protocolo implementado no ToTalCor RJ acompanhou cerca de 50 pacientes hospitalizados, no período de novembro de 2010 e dezembro de 2011. A terapêutica incluiu o controle adequado da glicemia do paciente, desde o momento de sua entrada na emergência até sua alta hospitalar.
“Essa nova terapêutica mudou um paradigma, pois passamos de condutas reativas para as proativas. Ou seja, não esperamos que o paciente faça um pico hiperglicêmico para fazer uma insulina rápida. De forma individualizada e com a avaliação do perfil e de variáveis do doente, antecipamos o problema com um esquema de insulinização basal-bolus-correção para o controle da glicose, através de protocolo específico, dieta e educação em diabetes”, esclareceu a médica.
Dhiãnah explica que a variabilidade glicêmica – a diferença entre os altos e baixos níveis de glicemia – leva à produção de radicais livres, que comprometem o funcionamento de diversas células no organismo. Por isso, a conduta proativa é fundamental para a preservação da saúde. Dessa forma, antecipamos o problema com um esquema basal-bolus-correção de insulina, que é adotar, concomitantemente, a reposição da insulina basal – que controla a glicemia de jejum – com a insulina pré-prandial mais a corretiva, recebida antes de uma refeição com carboidrato para evitar o pico de glicose e corrigir uma eventual hiperglicemia.
O método mudou e individualizou a visão do profissional de saúde com relação ao paciente diabético hospitalizado e reduziu seu período de internação significativamente. No tratamento usual, o paciente ficava internado em torno de 8,2 dias. Com a implantação do novo protocolo, esse tempo caiu para 4,7 dias, ou seja, uma redução de 42,68%. Isso significa também menos riscos de infecção para o paciente e, no campo humanitário, maior bem-estar para a família.
“O protocolo melhorou o diagnóstico, a dieta e a prescrição do tratamento do paciente internado. O que resultou em menores taxas de hipo e hiperglicemia, nenhum episódio de hipoglicemia grave e menor variabilidade glicêmica, com redução no tempo de internação hospitalar”, comemorou Dhiãnah.
O especialista em diabetes, ou melhor, o endocrinologista, não está full time no hospital, logo, quem acaba lidando com a doença nesse ambiente é o clínico geral, o cardiologista ou o médico intensivista (de CTI). Para que essa terapêutica seja implantada com sucesso, é necessária educação continuada e multidisciplinar voltada para os cuidados do paciente diabético internado (incluindo médicos, enfermeiros, farmacêuticos e nutricionistas).
“Vale ressaltar que o tratamento adequado do diabetes envolve disciplina, mudança de estilo de vida, dieta adequada, controle do peso e atividade física. Entender a doença e reconhecer seus sintomas, riscos e cuidados é fundamental para o sucesso do tratamento. Além disso, o protocolo foi uma excelente oportunidade de educação em saúde para profissionais, pacientes e familiares, bem como para a conscientização dos riscos de complicações agudas e crônicas decorrentes do mau controle da doença.”