Na última quarta-feira de todos os meses, o Programa de Pós-Graduação em Patologia da Unifesp realiza uma reunião científica com um professor/pesquisador convidado. Na última quarta-feira do mês de abril, o professor convidado foi o Dr. José Osmar Medina, diretor superintendente do Hospital do Rim e Hipertensão da cidade de São Paulo. Durante, pouco mais de uma hora, sua explanação contemplou o programa de transplante renal no Brasil. O Dr. Medina expor a dinâmica do Hospital do Rim relatando como é realizado o atendimento ao paciente durante o pré e pós operatório. Mas, mais do que isto, deu uma aula de ética e humanização em serviços de saúde. Mostrou-se um homem preocupado com o paciente, e com sua adesão ao tratamento. Uma sumidade em transplante renal e um profissional renomado mundialmente, comentou sobre a importância de se tratar bem o paciente antes, durante e depois do tratamento.
No decorrer da apresentação diversos fatores borbulharam em minha mente, fazendo-me questionar sobre como estão os serviços de saúde no Brasil, as imensas filas de espera e consultas de cinco minutos onde a anamnese, momento importante para o diagnóstico, é realizada em questão de segundos. Nesta hora, me questionei. Onde esta a ética e a humanização nestes serviços?
Tenho lido na internet diversos relatos de pessoas que precisam de atendimento médico e depois de passar longas horas nas filas para o atendimento, este acontece de forma rápida e sem a menor humanização. Alguns profissionais, muitas vezes, nem olham para o rosto de seus pacientes. A consulta é rápida e dinâmica. Mas, será que é isto que a população esta precisando? Será que é isto que a população esta buscando?
Todos querem ser bem atendidos e que suas dores sejam sanadas pelos profissionais destinados a esta função. Trabalhar em um serviço de saúde, significa antes de mais nada, ter amor a profissão. Ser humano e lembrar sempre que todos são iguais. Afinal de contas, no túmulo não existem diferenças de etnia, sexo ou classe social.
Olhar para o paciente de igual para igual é um dom. Perguntar qual o seu time, já o faz perceber a responsabilidade social que os profissionais de saúde possuem, sejam médicos, enfermeiros, biomédicos, biólogos, psicólogos, farmacêuticos e tantos outros profissionais que tratam todos os dias com o bem estar do cidadão ou que fazem a interfase entre o paciente e os profissionais da saúde, como as recepcionistas e seguranças de clínicas e hospitais.
O cidadão levanta cedo para trabalhar e lutar por uma vida digna. Paga seus impostos e deseja, assim como os profissionais de saúde, ter o completo bem estar físico, mental e social. Mais do que isto, deseja ser atendido com educação, deseja ser respeitado e sentir-se humano e acolhido.
Por outro lado, os serviços de saúde se tornaram ao longo dos anos, grandes empresas. Muitas delas, administradas pelo Governo que parece não se importar com seus profissionais. Salários, de profissionais que estudaram por longos anos para salvar vidas, os obrigam a realizar plantões em cima de plantões para poder sustentar a família. Outro ponto que eu questiono. Onde esta a humanização?
Este texto não é uma crítica a todos os profissionais que atendem todos os dias, direta ou indiretamente, diversas pessoas que por algum motivo não estão se sentindo bem, mas sim, um momento para refletirmos o quanto estamos deixando a humanização de lado e realizando atividades automáticas. Como se fossemos máquinas que basta apertar um botão para funcionar. E que quando quebram, são jogadas no lixo reciclado. Se for um produto reciclado, é claro.
Educação também é isto. Respeito, melhores salários, profissionais comprometidos com o trabalho e acima de tudo, humanizados.
*Renata Nunes da Silva
Bióloga, Doutoranda e Mestre em Patologia, Especialista em Biologia Celular e Histologia Geral, professora de Ensino Superior e Diretora da Empresa Mycosmol Cursos Especializados, destinada a capacitação profissional diferenciada para preparação de recursos humanos das áreas de Ciências Biológicas, Biomédicas e da Saúde.
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