Marcelo Madeira, 45 anos, tem dois filhos e já trabalhou como vigilante, metalúrgico, assistente de obra e estoquista. Mas há cinco anos teve que se aposentar após receber o diagnóstico de colangite esclerosante, doença hepática que pode levar à cirrose ou tumores na via biliar. Há cerca de seis meses seu fígado atingiu um estado crítico. Agora, ele voltou a ter esperança na vida, graças a um transplante de fígado.

“Eu não conseguia mais fazer nada, sair da cama era um grande sacrifício. Meus olhos e minha pele estavam amarelos. Fiz um exame e fui indicado para um transplante, era o procedimento ou a morte. Tive muita sorte porque um mês após o diagnóstico eu estava recebendo um novo fígado”, comemora o paciente, que passou pela cirurgia no Hospital São Francisco na Providência de Deus (HSF), no Rio de Janeiro, em agosto.

Marcelo está entre os 150 pacientes que serão homenageados no dia 27 de setembro, Dia Nacional de Doação de Órgãos, no evento que será realizado na Praça Papa Francisco, no HSF, das 8h às 12h. A comemoração contará com a presença do Arcebispo do Rio de Janeiro, Dom Orani Tempesta, que celebrará missa em ação de graças aos pacientes e doadores e seus familiares, seguida da apresentação do Grupo Doutores da Paz e Bem, que encenará peça sobre a importância da doação de órgãos. Para encerrar a celebração, bolo comemorativo.

O evento tem como objetivo chamar a atenção de todos e mostrar que ser um doador é salvar vidas. “Queremos estimular a doação junto à população. Sabemos que a hora em que a família decide fazer ou não a doação é um momento difícil, mas o transplante, em muitos casos, é a única maneira de um paciente sobreviver e dar uma nova vida a ele”, afirma o diretor do HSF, Frei Paulo Batista.

E é por essa nova vida que o Marcelo irá comemorar no dia 27. “Agora, me sinto mais vivo. Minha cor voltou ao normal e já não sinto mais dores. Minha meta é voltar a trabalhar e ver meu filho caçula crescer”, comemora o paciente.

Parceria de sucesso

Em abril de 2012, o hospital se tornou a primeira Organização Social de Saúde (OSS) do Estado do Rio de Janeiro ao firmar parceria com o Governo do Estado. Com isso, o hospital administra o Centro Estadual de Transplantes e o Centro Estadual de Trauma do Idoso, prestando atendimento aos pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS), via Secretaria de Saúde do Estado do Rio de Janeiro. Para isso, a direção do HSF destinou um dos seus oito prédios para o funcionamento desses centros.

Com apenas sete meses de funcionamento, o Centro Estadual de Transplantes, uma parceria público-privada entre a Secretaria do Estado de Saúde e o HSF, já é a unidade que mais realiza transplantes de fígado no Rio e ocupa o 2° lugar no Brasil, tendo realizado, de fevereiro a setembro, 50 procedimentos, sendo quatro com doadores vivos. A central do HSF também é uma das cinco que mais realiza transplantes de rim no país, e está próxima a marca de 100 cirurgias deste tipo. As taxas de sucesso também estão acima da média nacional: 97,5% para renal frente a 90-95% no país e, 86% para hepático, frente a 72%.

“Temos motivos de sobra para comemorar“, afirma os cirurgiões Lúcio Pacheco (coordenador cirúrgico do transplante de fígado) e José Figueiró (coordenador cirúrgico do transplante de rim), que atribuem boa parte do sucesso da Central de Transplantes ao modelo de gestão de parceria público-privada, que permitiu o rápido crescimento da unidade e a implantação de diversos serviços. “O Governo do Estado encontrou uma instituição com uma enorme capacidade de se mobilizar, de fazer e de se adaptar, que é a Associação e Fraternidade São Francisco de Assis na Providência de Deus, administradora do HSF. O estado do Rio estava praticamente parado em transplantes quando fechou a central de Bonsucesso no final de 2012 e, a partir do momento em que decidiram criar esse serviço no HSF, a implantação foi muito rápida e tudo que precisamos é resolvido com muita agilidade”, comenta Figueiró.