Segundo novo estudo de pesquisadores americanos da Universidade John Hopkins, do Instituto Ludwig e do Memorial Sloan-Kattering, com a participação de brasileiros do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo Octavio Frias de Oliveira, o exame de Papanicolau pode detectar também os cânceres de ovário e do endométrio. Os resultados foram publicados na revista Science Translational Medicine, em nove de janeiro último.
Até o momento, células do endométrio e do ovário não são avaliáveis pelo Papanicolau. Porém, é sabido que algumas podem se desgarrar desses órgãos e chegar, em quantidade muito reduzida, ao colo uterino – apenas testes moleculares são capazes de detectá-las.
Em países desenvolvidos, o câncer mais comum no aparelho reprodutor feminino é o do endométrio, seguido pelos tumores de ovário, colo do útero, vagina e trompas. Segundo o oncologista João Nunes, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro), na população feminina brasileira o ranking é liderado pelo câncer de colo do útero, seguido pelo do endométrio e de ovário.
“Os tumores de ovário e do endométrio são mais prevalentes a partir dos 50 anos de idade. Já o do colo do útero independe da idade”, destaca o especialista. Em fase mais avançada, todo tipo de câncer apresenta sintomas. Portanto, é necessário que a mulher se submeta a exames periódicos para detecção precoce de tais doenças – o que implica em uma visita anual ao ginecologista, a partir do início da vida sexual.
Devido à ausência de sintomas em estágio inicial, tumores de endométrio e ovário costumam ser detectados em fase avançada, o que reduz drasticamente as chances de cura. “Caso o estudo americano se comprove realmente eficaz, será possível fazer a detecção precoce desses tumores, o que poderá levar à redução da mortalidade”, conclui.