A população idosa, principal faixa etária afetada pela estenose aórtica grave, já conta em Brasília com um procedimento minimamente invasivo e uma equipe multidisciplinar de ponta para corrigir o problema. A doença, que acomete cerca de 5% da população com mais de 75 anos e causa falta de ar, dor no peito e desmaios, ocorre devido a uma deformidade e calcificação da válvula aórtica, o que impede o seu funcionamento normal.

Ao contrário dos procedimentos tradicionais, em que é preciso abrir o peito do paciente, a cirurgia de válvula aórtica percutânea é realizada por meio de um cateter introduzido na artéria femoral, na região da virilha. É feita a dilatação da válvula original e a implantação da prótese valvular, sem necessidade de corte.

“Por ser um procedimento menos invasivo, a possibilidade de complicações também é menor. Antigamente, em pacientes de alto risco cirúrgico, comumente optava-se pelo tratamento clínico, por meio de medicação, pois a cirurgia aberta, único procedimento existente, aumentava as chances de complicações graves. Porém, o tratamento exclusivamente clínico não tinha efetividade para o problema, uma vez que o paciente continuava limitado e com uma sobrevida curta”, explica Luciano de Moura Santos, o cardiologista intervencionista do Hospital Santa Helena (HSH), em Brasília.

O HSH possui corpo clínico especializado para a realização do procedimento, por meio de uma equipe multidisciplinar formada por cardiologistas intervencionistas, cirurgiões cardíacos, ecocardiografistas, anestesistas, cardiologistas clínicos, radiologistas, enfermeiros e fisioterapeutas. “Atuando no campo cirúrgico, temos, além do cardiologista intervencionista, o cirurgião cardíaco, pois, mesmo sendo um procedimento percutâneo, entendemos como fundamental a presença desse especialista durante todo o procedimento, caso seja necessária uma abordagem cirúrgica”, esclarece o especialista.

O aposentado Francisco de Araújo, de 86 anos, foi submetido à cirurgia de válvula aórtica percutânea pelas mãos da equipe do doutor Luciano, sob a supervisão do Dr. Dimytri Siqueira, do Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia, de São Paulo. O paciente teve os sintomas da doença em casa, durante um almoço com a família. “Ele se sentiu mal e caiu nos braços do meu neto. Viemos para o Hospital Santa Helena, ainda sem saber como fariam para salvar a vida dele. Mas os cardiologistas Gustavo Wagner e Eduardo Gomes, de imediato, indicaram o procedimento por via percutânea, por considerarem mais seguro”, explica a esposa de Francisco, Mirthes de Araújo.

O procedimento durou em torno de duas horas e, antes mesmo de ter alta, Francisco já andava de um lado para o outro do quarto, sem dificuldades. “Devido à minha idade avançada, eu não poderia passar por uma operação que necessitasse abrir o peito. O procedimento realizado pela equipe do doutor Luciano, sem dúvida alguma, salvou a minha vida”, diz emocionado.

Segundo o cardiologista, o pós-operatório dura, em média, de seis a sete dias, o que inclui uma internação na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) para monitorar os sinais vitais, acompanhar possíveis complicações nos acessos vasculares e realizar a repetição de exames de imagem, como o ecocardiograma. “Em um futuro próximo, provavelmente, esse procedimento será indicado para pacientes de baixo risco e, dessa forma, teremos internações com períodos cada vez menores”, prevê o especialista.