Boas práticas no parto reduzem mortalidade materna e infantil
Apesar da alta frequência de cesarianas no Brasil, que representa mais de 50% dos partos, órgãos governamentais, pesquisadores, agências internacionais de saúde e entidades médicas compartilham a ideia de que o parto natural deve ser a primeira opção para as gestantes nos casos de baixo risco, que correspondem a 80% das gestações.
A adoção de boas práticas durante o parto, como a livre escolha de um acompanhante, um ambiente adequado e privativo, momentos de descanso de acordo com as necessidades da mulher e a utilização de métodos não invasivos e naturais, como técnicas de relaxamento, massagem, bolas e imersão na água, contribuem para diminuir o preconceito que algumas mulheres têm sobre o parto natural.
“Um número significativo de mortes maternas se dá por causas obstétricas, devido a tratamentos incorretos, omissão e outras causas. Muitos desses óbitos poderia ter sido evitados com tratamentos preventivos, melhoria do acesso ao planejamento familiar voluntário, investimento na formação e qualificação de profissionais de saúde com habilidades obstétricas e garantia do acesso a cuidados obstétricos de emergência nos casos de complicações”, avalia a enfermeira Maria Emília de Oliveira, presidente do VIII Congresso Brasileiro de Enfermagem Obstétrica e Neonatal – Cobeon e do II Congresso Internacional de Enfermagem Obstétrica e Neonatal – Cieon. Em Santa Catarina, a queda na mortalidade materna tem sido gradativa. De 1996 para 2009, o índice caiu de 44,86% para 24%.
“A cesariana, desde que bem indicada, é uma opção que deve ser considerada. No entanto, observa-se que muitas das cesarianas ocorrem sem necessidade, por esta razão é importante que se conheça as vantagens do parto natural em relação à cesariana, bem como o direito da mulher em escolher a forma como quer que seu filho venha ao mundo”, explica a enfermeira Maria Emília.
No Brasil, as enfermeiras obstétricas são formalmente qualificadas e reconhecidas pelo Ministério da Saúde para os partos naturais, dentro ou fora dos hospitais. Entre as principais vantagens do parto natural em relação à intervenção cirúrgica, estão a recuperação pós-parto, a diminuição da infecção hospitalar, o menor desconforto respiratório para o recém-nascido e a maior facilidade de adaptação à vida extra-uterina, pois o início das contratações faz com que o bebê se prepare para o nascimento.
Essas e outras questões relacionadas às boas práticas no parto e no nascimento, como os direitos assegurados às gestantes, serão discutidas em Florianópolis no Centro de Eventos da Universidade Federal de Santa Catarina – UFSC, entre 30 de outubro e 1 de novembro, durante o VIII Cobeon e o II Cieon, organizado pela Associação Brasileira de Enfermagem Obstétrica e Neonatal e Obstetrizes do Estado – Abenfo/SC com a parceria do Departamento de Enfermagem da UFSC e com o apoio da empresa Saúde Suplementar, CNPQ, Fapesc, Capes, Alesc, Governo do Estado, entre outros.
O evento, que está com inscrições abertas, reunirá profissionais renomados do Brasil e do exterior na área de obstetrícia e neonatologia. O objetivo será atender estudantes e profissionais de enfermagem e de outras áreas da saúde para a discussão de temas essenciais para a melhoria do atendimento dos recém-nascidos e da gestante, beneficiando diretamente toda a comunidade. Mais informações em www.cobeon2013.com.
Mortalidade materna em SC e no Brasil
Em 2011, o Brasil alcançou uma marca histórica ao reduzir a mortalidade materna em 21%. De 1990 até hoje, o índice de queda é de 46%. Contudo, apensar da diminuição, o objetivo é diminuir em 75% a mortalidade materna, de acordo com os Objetivos do Milênio estipulados pela Organização das Nações Unidas – ONU. Em Santa Catarina, a queda também é gradativa. De 1996 para 2009, os indicadores de morte materna passaram de 44,86% para 24%.