A hepatite C atinge cerca de dois milhões de brasileiros – o Ministério da Saúde estima que 1,3% da população entre 18 e 75 anos está infectada pelo vírus. Mas, mesmo com números tão alarmantes, apenas 100 mil pessoas foram tratadas. A falta de informação sobre a doença e o uso de novos medicamentos no tratamento vão ser alguns dos destaques do Congresso Brasileiro de Hepatologia, evento organizado pela Sociedade Brasileira de Hepatologia (SBH), que acontece entre os dias 2 e 5 de outubro no Centro de Convenções SulAmérica, no Rio de Janeiro

Novo tratamento deve estar disponível no primeiro semestre de 2014

Atualmente a doença é tratada com telaprevir, boceprevir e interferon, medicamentos que já chegaram, inclusive, ao Sistema Único de Saúde (SUS). Essas drogas apresentam 70% de chance de cura, mas têm algumas contraindicações e o interferon apresenta muitos efeitos colaterais. Além disso, o tratamento leva não menos que 48 semanas. “Pessoas com cirrose avançada, transplantadas, com anemia, doenças psiquiátricas ou problemas renais não podem passar por esse tratamento”, explica Henrique Sérgio Moraes Coelho, presidente da SBH.

No entanto, duas novas drogas estão prestes a serem aprovadas pela Food and Drug Administration (FDA), agência responsável pelo controle de medicamentos e tratamentos nos Estados Unidos. “O simeprevir e o sofosbuvir alcançam quase 100% da taxa de cura, não apresentam os altos efeitos colaterais dos medicamentos em uso atualmente, não têm contraindicação e o tempo de tratamento pode ser reduzido para 24 semanas”, explica o médico, que também é chefe do Serviço de Hepatologia do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (UFRJ). “Isso representa um grande avanço no tratamento da hepatite C, e esperamos que a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) aprove os novos medicamentos para uso no País no primeiro semestre de 2014”, completa.

Hepatite C – Infecção pode produzir até 1 trilhão de vírus por dia

Trata-se de um mal que leva a lesões no fígado (cirrose) e câncer hepático. É causada por vírus (VHC) e transmitido principalmente pelo sangue contaminado, mas a infecção também pode ocorrer por via sexual e vertical (da mãe para filho). É uma doença silenciosa que pode se manter assintomática por mais de 20 anos. “O período de incubação dura em média sete semanas e a grande maioria dos casos agudos (mais de 75%) não apresenta sintomas. Por isso é necessária a investigação laboratorial para o diagnóstico”, diz o hepatologista. Segundo ele, cerca de 70 a 85% dos casos de contaminação evoluem para doença crônica.

O VHC infecta as células do fígado e pode causar inflamação grave e complicações em longo prazo. “Ele se multiplica rapidamente e em grande quantidade, podendo produzir até 1 trilhão de vírus por dia. Estima-se que ele sobreviva entre duas a três horas no sangue”, diz Moraes Coelho. Enquanto já é possível encontrar vacinas contra as hepatites A e B, esse não é o caso da C. “Como as mutações do vírus são frequentes e existem diversos subtipos virais, criar uma vacina eficaz é muito difícil”, explica.

Diagnóstico

O diagnóstico da hepatite C é feito através de exames de sangue que medem a quantidade de anticorpos específicos contra o vírus (VHC) produzidos pelo organismo (testes sorológicos) e pela dosagem da quantidade de vírus no sangue. A presença de anticorpos medida isoladamente significa que a pessoa teve contato com o vírus. “Para confirmar a hepatite crônica é preciso fazer a contagem no sangue por meio de testes de biologia molecular que medem a carga viral”, explica o médico. Esses testes podem identificar até, no mínimo, 10 unidades de vírus por mililitro de sangue.

Além de confirmarem o diagnóstico, os testes de carga viral também são úteis na identificação da transmissão vertical (da mãe para o recém-nascido), em profissionais de saúde que sofreram acidentes com instrumentos pérfuro-cortantes e no acompanhamento da resposta ao tratamento. “É possível fazer também um teste rápido, que permite identificar os anticorpos anti-VHC alguns minutos após a realização. Esse exame não requer coleta de sangue. Ele pode ser feito com apenas uma gota obtida por uma picada no dedo”, finaliza o especialista.

Congresso Brasileiro de Hepatologia

Além das novas drogas, que têm possibilitado avanços no tratamento das doenças hepáticas, a pauta do evento conta também com assuntos como as hepatites virais B e Delta, a cirrose hepática, a esteatohepatite não alcoólica e os tumores do fígado. Doenças menos frequentes – mas de grande interesse para os hepatologistas –, como as doenças vasculares do fígado, a hipertensão portal de difícil diagnóstico, as colestases na infância e nos adultos e as hepatopatias autoimunes, também serão discutidas. Os temas serão apresentados por especialistas brasileiros e por mais de 30 convidados estrangeiros.

“Cursos avançados explorando a interação da Hepatologia com a clínica médica, infectologia, radiologia diagnóstica e intervencionista, cirurgia hepática e dos transplantes serão oferecidos como importante opção no programa”, conta Henrique Sérgio Moraes Coelho. Ele diz ainda que essa é uma excelente oportunidade para aqueles que desejam buscar um conhecimento mais profundo no diagnóstico e tratamento das doenças hepáticas.

São esperados aproximadamente 1500 congressistas de todos os países. As inscrições devem ser efetuadas diretamente no site oficial do congresso até o dia 15 de setembro de 2013. Após esta data poderão ser realizadas apenas no local do evento.

Para mais informações, acesse o site: www.hepato2013.com.br.

SERVIÇO

Congresso Brasileiro de Hepatologia

Data: 2 a 5 de outubro de 2013

Local: Centro de Convenções SulAmérica – Rio de Janeiro / RJ

Site: www.hepato2013.com.br