A Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia – SBOT alertou todas suas 25 representações nos Estados para a necessidade de enfatizarem junto às autoridades as precauções necessárias para que não venham a ocorrer tragédias semelhantes durante o Carnaval.
O presidente da SBOT, Flávio Faloppa, que durante o atendimento às vítimas da boate ‘Kiss’ manteve contato com os ortopedistas gaúchos, oferecendo os préstimos da entidade que dirige, explica que durante o Carnaval é comum que bailes sejam improvisados em locais sem as necessárias condições de segurança, saídas de emergência, principalmente. Ele lembrou ainda que durante o Carnaval aumentam os casos de direção sob efeito de álcool e também de drogas, que prejudicam a capacidade de reação do motorista.
A preocupação da SBOT levou a uma reunião da Diretoria da instituição, em São Paulo, na qual o secretário geral, Marcelo Mercadante, redigiu o documento a ser difundido entre os 11 mil ortopedistas brasileiros, para que se empenhem na prevenção dos acidentes, que na sua absoluta maioria são evitáveis desde que se tome os cuidados necessários.
Mercadante lembra que, segundo o IBGE, o traumatismo é a terceira causa de morte no Sul e Sudeste do Brasil, logo atrás das doenças cardiovasculares e das neoplasias, isto é, o câncer. Enquanto no Nordeste é a segunda causa de morte. Por ano, são 42 mil mortos por acidentes de trânsito e o Ministério da Saúde calcula que 70% dos serviços de emergência são ocupados por vítimas de acidentes de trânsito, que têm um custo para a sociedade equivalente a 2% do PIB.
A própria Organização Mundial da Saúde alerta que o traumatismo é a principal causa de incapacitação da população jovem no mundo inteiro. Mercadante lembra que para a maioria da população as mortes no trânsito não passam de um número publicado nos jornais. Mas para o ortopedista, que frequentemente tem que informar à família que um filho ou irmão faleceu ou então contar a uma mãe que será preciso amputar a perna de sua filha, vítima de desastre de motocicleta, cada caso representa dor, sacrifício e, quando não sobrevém a morte, longos tratamentos para recuperar o paciente ou para minimizar as sequelas.
“O que preocupa os ortopedistas é que casos como o de Santa Maria ou como as dezenas de milhares de acidentes ou das torções e traumatismos causados pelos excessos no Carnaval, todos eles seriam evitáveis com a prevenção adequada e um pouco de bom senso”, diz o especialista, que convoca todos os ortopedistas a se empenharem nessa campanha permanente que, se der resultado, trará benefícios a toda a população.