Como cirurgião-dentista, não passo uma semana sem me sentir incomodado com o descompasso entre a realidade técnica e as possibilidades tecnológicas. É inconcebível que na “Era da Informação” ainda haja tanta desinformação, preconceito e estanqueidade em áreas cujos profissionais se dizem embasados pela própria ciência.
Como explicar que um microprocessador eletrônico, que traz em si muito mais que toda a capacidade computacional utilizada pela NASA nos anos 70, já esteja presente em um brinquedo de R$ 50,00 capaz de comunicar-se remotamente com outros brinquedos, reconhecer padrões, processar dados e, em seguida, escolher entre milhares de respostas pré-programadas, enquanto o mesmo ainda esteja ausente em uma ferramenta centenária, causadora de dor e ansiedade como uma seringa de injeção utilizada em praticamente todas as áreas da saúde?
Por que, diante de fenômenos como as redes sociais, os clubes de descontos, os grupos virtuais de afinidades, ainda não dispomos de algo assim para nos auxiliar na escolha de um profissional da saúde a quem confiaremos, muitas vezes, nossa própria vida?
Estes questionamentos têm me motivado a buscar respostas; e me surpreende cada vez mais a proporcionalidade entre o aprofundamento dos conhecimentos especializados e o seu isolamento em relação a outras áreas. Sem desmerecer a pesquisa, fundamental para os grandes saltos tecnológicos, o mercado tem demandas antigas que para serem solucionadas necessitam apenas de interdisciplinaridade e, ao menos, uma pitada de inovação.
Rafael Goulart Ourique – Cirurgião-Dentista