Empresa mexe em sua estrutura para oferecer mais serviços a outras operadoras. Após comprar a Amesp por R$ 253 milhões, a Medial Saúde quer continuar seu processo de expansão, agora de olho em hospitais e redes de laboratórios. O grupo está mexendo em sua estrutura corporativa para começar oferecer esses serviços para outras empresas de saúde. Para isso, conta com R$ 270 milhões em caixa só para aquisições, previstos para serem investidos nos próximos 18 meses. “Espero que nesse período até falte dinheiro”, brinca Luiz Kaufmann, diretor-presidente da empresa.
Kaufmann admite, porém, que está cada vez mais difícil crescer por aquisições. “Teremos um grande processo de consolidação no setor e com certeza um grande número de empresas não conseguirão se adequar às exigências de reservas financeiras da Agência Nacional de Saúde (ANS)”, afirma. “Mas também será pequeno o número de empresas que vão se enquadrar nas exigências da Medial.”
Antes da Amesp, a rede já tinha feito duas grandes aquisições: a rede de laboratórios Endomed, por R$ 5 milhões, e o plano odontológico E-Nova, por R$ 2,1 milhões. “Ainda estamos muito capitalizados e abertos a outro tipo de opção de empresas de saúde”, diz Kaufmann, principalmente em relação aos hospitais. A nova estratégia, que ainda aguarda aprovação dos acionistas, prevê trabalhar com cinco unidades de negócios distintas: Medial Saúde (planos de saúde de alto padrão), Amesp (planos de saúde para baixa renda, E-Nova (planos odontológicos), além de suas unidades que não foram batizadas ainda, Serviços Hospitalares e Medicina Diagnóstica.
Com dez hospitais em operação (nove em São Paulo e um em Brasília), a unidade hospitalar deve crescer mais rápido que a medicina diagnóstica. Atualmente, dois grandes hospitais estão sendo construídos pela empresa, ambos em São Paulo.
Um hospital será construído nas proximidades da Av.Paulista, com 23 mil m2 e 300 leitos, com investimento estimado em R$ 65 milhões. O empreendimento será custeado, em sua maior parte, por uma permuta imobiliária com o prédio e o terreno do Hospital Jaraguá, pertencente ao Grupo Amesp, que será desativado quando o novo hospital ficar pronto. O prazo previsto de construção é de 24 meses.
O outro hospital, que deverá ter 30 mil m2 e 350 leitos, será construído na região do Morumbi, com investimentos de R$ 85 milhões e prazo de conclusão previsto de 36 meses.
“Vamos aproveitar a oportunidade existente no mercado para começar a atender a demanda de terceiros”, explica. Hoje, apenas o hospital de Brasília já trabalha nesse modelo: 70% de seu atendimento é voltado para clientes de outras operadoras de saúde. “No Hospital Alvorada nosso atendimento a terceiros já representa 20% da demanda”, explica.
O executivo também quer focar o crescimento dos laboratórios. “Hoje já temos um volume cativo muito grande que dá base para a construção de uma rede”, afirma.
A Medial e a Amesp juntas gastaram cerca de R$ 185 milhões em serviços diagnósticos no ano de 2006. Mas o principal argumento para crescer nesse setor é a fragmentação desse mercado que dá espaço para a entrada de um novo grande concorrente.
Um levantamento feito pela Medial mostra que a rede Diagnósticos da América S.A. (Dasa), a maior do mercado, detém apenas 10% do setor, seguida pela rede Fleury (6,1%), NKG (2,4%), Laboratórios Cardiolabs (2,3%) e H. Prandini (2%). O restante, 83,1% do mercado, está pulverizado nas mãos de pequenas empresas.
A Medial vai construir um centro de diagnósticos de alto padrão em um imóvel na Av. Brasil, em São Paulo. O projeto, que deverá entrar em operações em janeiro de 2008, deve receber investimentos de R$ 20 milhões.
Resultados pós-aquisição
No segundo trimestre, a Medial teve um prejuízo de R$ 8,7 milhões, comparado a um lucro de R$ 2,7 milhões no mesmo período de 2006, resultado de despesas não recorrentes com a compra da Amesp. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) fechou o período em R$ 800 mil, frente a um resultado de R$ 6,2 milhões no segundo trimestre do ano passado.
A sinistralidade (custo das operações médicas) da empresa teve uma alta de 1,6 pontos percentuais, fechando o período em 77% do faturamento. A Medial vem realizando um forte trabalho de redução de sua sinistralidade. Inclusive, negociando o cancelamento de 23 contratos que representam alta sinistralidade, num total de 64,4 mil beneficiários. A expectativa é que esses contratos sejam efetivamente cancelados no terceiro trimestre, o que deve reduzir a sinistralidade da empresa cerca de dois pontos percentuais. Outro fator que deve favorecer os resultados, é a migração dos planos básicos da Medial para o modelo de gestão da Amesp.
No segundo trimestre, o grupo alcançou um faturamento de R$ 393,8 milhões, resultado 44% maior que o mesmo período de 2006.
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