Estudos científicos comprovam que a boca pode ser o foco de infecções que afetam estruturas distantes, como é o caso de micro-organismos presentes em dentes infeccionados serem causadores de endocardite bacteriana em pacientes susceptíveis. Outras doenças também podem estar relacionadas com as bactérias presentes na boca, como artrite, nefrite, reumatismo, meningite, pneumonia, câncer gástrico, entre outras.

“Esses micro-organismos podem afetar a saúde sistêmica por dois mecanismos principais: migração da bactéria para o foco de infecção extraoral ou pela presença de um quadro inflamatório crônico a partir de uma infecção local, que pode ser agravada devido às doenças periodontais”, explica a cirurgiã-dentista Dra. Teresa Márcia Morais, presidente do III Simpósio AMIB de Odontologia, que acontecerá nos dias 6 e 7 de junho, no Pestana Hotel, em São Paulo.

Vários estudos desenvolvidos por pesquisadores em todo o mundo relatam a inter-relação entre as doenças da boca (periodontais) com agravamento ou causas de doenças cardiovasculares. Uma das pesquisas demonstrou que indivíduos com periodontite têm 25% 0de chances de desenvolver doenças coronarianas e, conforme a severidade da doença bucal, o risco de doenças cardíacas pode aumentar em 3,6 vezes.

Dra. Teresa Morais explica que no paciente portador de cardiopatia, o tratamento odontológico, qualquer que seja é um grande aliado na promoção de saúde. “O número de pacientes portadores de cardiopatias tem aumentado vertiginosamente, mas é importante salientar que o tratamento desse paciente é multiprofissional, ou seja, deve haver uma atuação conjunta entre o médico cardiologista e o cirurgião-dentista”.

Risco Infeccioso – A cavidade bucal apresenta uma vasta microbiota, sendo as principais enfermidades bucais a cárie e as periodontopatias – doenças infecciosas crônicas mais presentes em homens. “O risco de infecção que causa maior preocupação com relação às doenças periodontais e cardiovasculares é a ocorrência de endocardite infecciosa”, explica a cirurgiã-dentista.

A endocardite infecciosa, por ser uma doença cardíaca grave que apresenta risco de morte, muitos estudos foram desenvolvidos para analisar se o seu desenvolvimento poderia está relacionado com bacteremia decorrentes de procedimentos odontológicos em determinados pacientes com condições cardíacas diversas.

“Atualmente, muitos autores concordam que a maioria dos casos de endocardite infecciosa de origem bucal não se inicia a partir de um procedimento odontológico, mas se originam nas bactermias espontâneas provenientes da escovação e da mastigação”, disse Dra. Teresa Morais.

Conclui-se então que a bacteremia espontânea representa risco maior para a endocardite infecciosa do que os tratamentos odontológicos ocasionais. Daí a grande necessidade de uma adequada higienização bucal em pacientes internados.