Nos próximos meses, cardiologistas de todo Brasil vão seguir novas orientações para implante de marcapassos, desfibriladores e ressincronizadores cardíacos. As novas Diretrizes de Dispositivos Implantáveis estão em fase final de desenvolvimento e serão discutidas no 40º Congresso da Sociedade Brasileira de Cirurgia Cardiovascular (SBCCV), entre os dias 18 e 20 de abril, em Florianópolis (SC).
O documento, que está sendo redigido pelo Departamento de Estimulação Cardíaca Artificial (DECA) da SBCCV em parceria com a Associação Médica Brasileira (AMB), visa contemplar as novas recomendações das diretrizes europeia e americana.
Entre os principais pontos, destaca-se a indicação mais precoce da terapia de ressincronização cardíaca com os marcapassos multissítio, inclusive em pacientes assintomáticos ou pouco sintomáticos com insuficiência cardíaca, que atinge mais de 10 milhões de brasileiros e pode ter sua história modificada pelo uso dos ressincronizadores.
“Este foi um dos maiores avanços no tratamento da insuficiência cardíaca nos últimos 10 anos”, afirma o diretor científico do DECA, Antonio Vitor Moraes Junior. Ele explica que, pelas novas diretrizes, o ressincronizador deve ser indicado desde os estágios inicias da doença em termos de sintomas, ou seja, com poucos sintomas e assintomáticos, mas já com alterações significativas ao eletro e ecocardiograma. “Estudos internacionais comprovam que o implante precoce diminui a hospitalização, retarda a evolução, reverte alterações estruturais e diminui a mortalidade”, completa o especialista.
Em relação aos desfibriladores, é recomendado o uso cada vez mais abrangente nas síndromes genéticas arritmogênicas e na cardiomiopatia hipetrófica (que provoca o aumento do ventrículo esquerdo do coração, obstrução do fluxo sanguíneo). Esta última representa a principal causa de morte súbita em pessoas abaixo de 40 anos de idade. Pelas novas diretrizes, o desfibrilador implantável profilático é indicado a partir da presença de um único fator de risco maior. “História familiar de morte súbita, síncope (desmaios) e hipertrofia acentuada ao ecocardiograma são alguns desses fatores de risco”, exemplifica o diretor científico do DECA.
No Brasil são realizados cerca de 18 mil implantes de marcapassos, desfibriladores e ressincronizadores por ano.