O mais recente perfil demográfico médico do país, realizado pelo Conselho Federal de Medicina – CFM apontou que os estados do Pará e Mato Grosso são os que possuem menor índice de médicos por mil habitantes 0,50 e 0,75 respectivamente.

Segundo o estudo, manter as equipes médicas é um dos mais importantes desafios do país, pois dos estudantes que vão para outras cidades para cursar a faculdade, apenas 36% voltam para casa após a conclusão do curso. Do restante, 25% ficam na cidade onde cursaram a graduação e 37% vão para outro lugar.

Segundo José Cléber do Nascimento Costa, diretor geral do INDSH – Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano que administra o Hospital Regional do Marajó (PA) e o Hospital Regional de Sorriso – HRT (MT), ambos no interior dos estados, foi preciso estabelecer uma estratégia especial para garantir o atendimento médico à população.

“Administrar unidades de saúde fora dos grandes centros exige algumas estratégias especiais, pois como o próprio Conselho Federal de Medicina apurou, a maioria dos médicos procura os lugares onde há mais chances de carreira, melhores salários e mais estrutura de trabalho”, diz Costa.

Hospital Regional de Marajó – PA

No caso do Hospital Regional de Marajó, localizado em Breves, na Ilha do Marajó (PA), em virtude da distância do continente e dificuldade de acesso, a estratégia foi contratar uma equipe médica formada por 45 especialistas de várias partes do país que atua em forma de revezamento. Cada grupo permanece no hospital por uma semana a cada mês, garantindo o atendimento especializado nas diversas áreas. Os profissionais podem cumprir uma escala contínua de cinco dias (segunda a sexta-feira) ou de uma semana (sábado a sábado).

Nas duas modalidades de escala, o profissional fica responsável por fazer visitas regulares na enfermaria, atender as consultas de ambulatório, fazer cirurgias eletivas, além de responder aos atendimentos de urgência / emergência que chegam ao hospital via central de regulação de leitos.

O INDSH que administra o hospital oferece transporte aéreo para as equipes, além de alojamento, alimentação e total estrutura para que a equipe possa realizar o atendimento à população. Dessa forma, o corpo clínico fica com o quadro completo e a população com atendimento garantido.

“Não nos furtamos a fazer todos os esforços para garantir o atendimento, e temos conseguido resultados muito positivos. Nesse ano, aumentamos a capacidade de atendimento na Unidade em 30%, implantamos novas especialidades e passamos a fazer cirurgias de maior complexidade como implante de marcapasso, entre outras”, explica Costa.

Hospital Regional de Sorriso – MT

Por esse motivo, o Instituto atuou em duas frentes no caso do Hospital Regional de Sorriso: melhorou a estrutura oferecida aos profissionais da saúde e investiu em novos equipamentos, oferecendo novos serviços e melhorando a infraestrutura hospitalar. Além disso, garantiu a equipe médica por meio da adesão ao sistema do Consórcio Intermunicipal de Saúde da região.

Pelo consórcio, há uma perfeita articulação entre os municípios da região para encaminhamento dos casos para Sorriso, evitando ao máximo as conhecidas filas espalhadas no país, principalmente para cirurgias. O HRS absorve os custos com equipes médicas e dos insumos de internação, como materiais descartáveis e medicamentos.

“No ano passado, com essas medidas, conseguimos aumentar o número de especialidades oferecidas e aumentamos o volume de atendimentos à população em cerca de 20% acima das metas estabelecidas pela Secretaria da Saúde e implantamos novos serviços como a hemodiálise, por exemplo,”, explica José Cléber do Nascimento Costa, diretor geral do INDSH.