Estudos de cuidados paliativos e saúde pública são destaques em Congresso que acontece em Brasília
O Instituto Brasileiro de Controle do Câncer (IBCC) participa do XVIII Congresso Brasileiro de Oncologia Clínica, que acontece em Brasília de 23 a 26 de outubro. Promovido pela Sociedade Brasileira de Oncologia Clínica, o evento traz a tona discussões sobre novos estudos para o tratamento do câncer. Entre as pesquisas de destaque que foram premiadas pela Comissão Científica do Congresso estão duas do IBCC em parceria com a Faculdade de Medicina do ABC.
Uma delas intitulada ‘Efeito do PC-18, extrato seco purificado de guaraná (paulinia cupana), no tratamento de fadiga induzida pela Quimioterapia no câncer de mama’ foi escolhida como o melhor trabalho do tema Cuidados Paliativos. O estudo está dentro de uma linha de pesquisa realizada pelos dois institutos que analisaram algumas plantas brasileiras para o tratamento do câncer. “A droga avaliada é um extrato purificado do guaraná a qual chamamos PC-18. Mesmo não estando finalizada, a pesquisa traz informações importantes no entendimento do cansaço apresentado por mulheres que estão em Quimioterapia”, explica um dos responsáveis pelo estudo e oncologista clínico do IBCC, Daniel Cubero. O estudo sobre o extrato do guaraná é uma continuação de uma linha de pesquisas apresentada há dois anos no Congresso da Sociedade Norte-Americana de Oncologia Clínica (ASCO).
A segunda pesquisa abrange outra linha, que é relacionada ao ensino em oncologia e foi escolhida como o melhor trabalho do tema Políticas Públicas. “O estudo diz respeito a uma avaliação sobre a Síndrome de Estafa Profissional (Burnout), distúrbio psíquico que causa depressão, precedido de esgotamento físico e mental intenso”, revela Cubero, também um dos autores desse estudo. A pesquisa intitulada ‘A prevalência da síndrome da estafa profissional é alta entre os residentes de cancerologia clínica já no início do tratamento’ foi realizada com o objetivo de tentar entender o que levava os estudantes a desenvolverem esse tipo de problema psicológico, inclusive alguns deles até desistindo da residência em oncologia.
A análise foi realizada em 11 instituições que atendem o Sistema Único de Saúde (SUS) em todo o Brasil. O estudo revelou que efetivamente os estudantes sofriam de estafa mental durante a residência. “Acreditávamos que isso acontecia durante a residência em oncologia, mas para a nossa surpresa a pesquisa mostrou que os estudantes já chegavam doentes para a residência em oncologia clínica. Isso muda toda a abordagem, porque um problema que seria somente da oncologia, talvez transcenda. A pesquisa está pronta, mostra um panorama geral, mas não prevê ainda soluções. O que revela é que existe um problema a ser tratado”, explica Cubero. Além dos dois trabalhos premiados que terão apresentação oral, o Serviço de Oncologia Clínica levará para o Congresso Brasileiro outros 17 trabalhos na forma de pôsteres.
No hospital, os estudos são realizados no Centro de Pesquisa Clínica do IBCC, que integra todos os departamentos do hospital. Em 2013, o Centro está com mais de 45 teses e projetos de trabalho em andamento, nas seguintes especialidades: Mastologia, Oncologia Clínica, Ginecologia, Hematologia, Humanização, Cirurgia de Cabeça e Pescoço, Tumores Cutâneos, entre outros projetos em fase de aprovação.
O IBCC também leva adiante o Centro de Estudos do hospital, responsável pela parte técnico-científica do IBCC. O Centro recebe médicos de todo o país e exterior para aprender as mais modernas e eficientes técnicas utilizadas na prevenção e no tratamento do câncer, além de ter sido o responsável pelo projeto da vacina Papilomavírus Humano (HPV) (Departamento de Ginecologia – 1980) e participado do projeto Genoma (Departamento de Mastologia – 2000).