Novos tratamentos, melhorias na qualidade de vida e nos sistemas de saúde estão levando as pessoas a viverem mais. A cada ano, de acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a expectativa de vida no país aumenta em cerca de 3 meses e 29 dias. Assim, o Brasil, bem como muitos outros países, está enfrentando o desafio de lidar com a longevidade da população e com as condições complexas e de longo prazo associadas a essa nova realidade. Essa é a opinião da presidente da International Society for Quality in Health Care (ISQua), Tracey Cooper, que estará no Brasil nos dias 15 e 16 de agosto para ministrar uma conferência sobre a qualidade no atendimento e o impacto na organização e na gestão financeira da assistência contínua, durante o II Congresso Internacional de Acreditação, promovido pelo Consórcio Brasileiro de Acreditação (CBA) e pela Joint Commission International (JCI).

“Essa nova realidade populacional demanda muito foco em doenças crônicas, como o Alzheimer, os problemas coronários e a osteoporose, e também nas doenças ‘agudas’, comuns a qualquer idade. O problema é que as doenças crônicas muitas vezes se tornam incapacitantes, o que significa que se tornam mais importantes os serviços de cuidados a longo prazo, como casas de repouso, home care, acompanhantes de idosos e outros, pouco comuns no Brasil, que contemplam internação parcial ou em algum período do dia”, ressalta Tracey Cooper.

Para a presidente da IQua, será necessária uma mudança do atual foco predominante em investimentos em serviços para tratar de males agudos para passar a investir em ações para manter as pessoas saudáveis por mais tempo, promovendo a saúde pessoal por meio de orientações claras e sistemas de apoio, aumentando o papel das assistências comunitárias primárias, que deverão operar de forma integrada com os serviços de emergências, hospitais e clínicas para garantir que os pacientes sejam acompanhados e tratados dentro de suas próprias comunidades pelas diretrizes clínicas adequadas. Para suavizar os impactos dessa nova realidade, a ênfase das ações tem que rumar no sentido de modelos integrados de cuidados.

“Alguns desafios colaterais também incluem a revisão dos fluxos financeiros no sistema de saúde, de como se baseiam os serviços de cuidados prestados a longo prazo, de como o país lida com o custo do envelhecimento da população levando em consideração o sistema tributário, idade de aposentadoria, modelos de previdência, entre outros. Existe a oportunidade de utilizar tecnologias de baixo custo e orientações clínicas para que as pessoas possam cuidar de si mesmas em casa por mais tempo. Esse tipo de investimento deve entrar na pauta de discussões dos países”, pontua Tracey Cooper.