Problemas de visão podem ser descobertos nos primeiros anos de vida
Pais atentos podem identificar indícios de possíveis doenças oculares nas crianças e corrigi-las antes de maiores prejuízos ao desenvolvimento
Doenças oculares em crianças são mais difíceis de identificar, já que raramente elas se queixam sobre dificuldades para enxergar. Por isso, é fundamental que os responsáveis se atentem aos sinais que indicam alguma anormalidade, como, por exemplo, os olhos que lacrimejam com frequência, que tem muita sensibilidade à claridade, olhos que não tem o reflexo vermelho da pupila ao tirar uma fotografia ou que necessitam aproximar os objetos dos olhos para enxergar.
Dra. Amaryllis Avakian, médica responsável pela Clínica AACO, explica que esses problemas podem ser evitados com exames oftalmológicos. “É fundamental que as primeiras consultas oftalmológicas da criança ocorram assim que se suspeitar de alguma anormalidade ou aos três e sete anos de idade, por que só assim será possível diagnosticar se ela tem algum problema na visão”, esclarece a especialista.
Dados do Conselho Brasileiro de Oftalmologia (CBO) informam que cerca de 15 milhões de crianças em idade escolar sofrem com problemas como miopia, hipermetropia e astigmatismo, o que interfere diretamente no aprendizado, autoestima e inserção social. Já a Agência Internacional de Prevenção à Cegueira, ligada à Organização Mundial da Saúde (OMS), estima que 33 mil crianças fiquem cegas no Brasil devido às doenças oculares, que podem ser evitadas ou tratadas precocemente. Outro dado relevante: os mesmos estudos confirmam que pelo menos 100 mil crianças têm alguma deficiência visual.
Para a Dra. Amaryllis Avakian, que também é Chefe do Setor de Catarata do Hospital das Clinicas, a maioria das disfunções pode ser corrigida, desde que os pais levem seus filhos ao oftalmologista ainda quando pequenos. A visão da criança se desenvolve do nascimento aos sete anos de idade. Qualquer doença ocular nessa fase, se não tratada, pode levar a perda de visão irreversível no olho afetado. A correção da anormalidade e o restabelecimento da visão tem um prazo curto para ocorrerem: até os sete anos de idade. Por isso, é necessário prevenir acidentes domésticos nas crianças. “Facas, tesouras e quaisquer outros objetos pontiagudos ou cortantes precisam ser mantidos fora do alcance das crianças. Panelas quentes podem causar queimaduras, produtos de limpeza causam alergias e queimaduras; batidas nos olhos podem provocar perfuração e dano irreversível à visão. É necessária uma observação e prevenção constante para evitar acidentes”, complementa a médica.
E essencial também se atentar ao tempo que as crianças permanecem em frente aos tablets e smartphones. Um estudo da Universidade de Alberta, no Canadá, apontou que, quanto mais telas uma criança tem ao seu redor, pior será para sua saúde ocular, já que seus olhos são prejudicados por causa da exposição prolongada à tela da televisão, smartphone, tablet, notebook ou vídeo game. ”Os acidentes não são os únicos problemas na visão das crianças. É indispensável também que os pais se prestem atenção ao tempo que as crianças permanecem em frente a esses dispositivos eletrônicos que são muito prejudiciais aos olhos.”
A médica explica que os problemas oculares mais comuns na infância são:
Lacrimejamento – Se a criança tem um lacrimejamento excessivo quando é pequena, até por volta dos dois anos de idade, pode significar alguma obstrução no canal lacrimal.
Desvio dos olhos – Antes dos seis meses de idade, é normal que a criança apresente desvios temporários nos olhos. Após dessa idade, pode ser um indicador de estrabismo, que precisa ser corrigido o mais rápido possível, para não prejudicar o desenvolvimento da visão.
Hipermetropia – Muitas vezes o estrabismo pode ser decorrente da hipermetropia, quando a criança não consegue enxergar bem de perto. Esse desvio é para dentro (estrabismo de acomodação), e a correção, na maioria das vezes, acontece com uso de óculos, sem necessitar de cirurgia.
Miopia – Definida como ‘dificuldade de enxergar de longe’, a miopia dificulta que a criança enxergue a lousa, o que atrapalha seu rendimento escolar. A boa noticia é que ela pode ser evitada antes de se tornar prejudicial: Se a criança esbarra nas coisas, ‘gruda’ na tela para assistir televisao e não reconhece as pessoas de longe, são sinais de miopia, e merecem atenção.