Tradicionalmente, o reumatismo é associado a apenas uma doença, proveniente das articulações, músculos, ligamentos e tendões. Mas na verdade, cerca de 200 patologias estão associadas a estas inflamações. As mais conhecidas, a artrite reumatoide e a artrose, provocam dores agudas nas articulações e cartilagens. No entanto, as doenças reumáticas podem acometer órgãos internos, como coração e rins.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), as doenças reumáticas atingem cerca de 12 milhões de brasileiros e são a segunda causa de gastos com auxílio saúde no país. Entre setembro de 2010 e 2011, 33.852 pacientes foram internados em decorrência da Artrite Reumatoide na rede pública. A maior prevalência é entre mulheres de 30 e 40 anos. A maior incidência é verificada em pessoas idosas. As doenças com maior incidência, entre os idosos (mais de 60 anos de idade), são: osteoartrose, artrite reumatoide, osteoporose, gota, fibromialgia, tendinite, bursite e diversas patologias que acometem a coluna vertebral.

“A maior longevidade da população leva a um aumento da participação dos idosos entre os mais afetados pelos reumatismos” alerta o reumatologista do Hospital Santa Luzia, David Pedrosa. De acordo com a Síntese de Indicadores Sociais (SIS) 2010 do Ministério da Saúde, o percentual de idosos na população brasileira passou de 9,1% em 1999 para 11,3% em 2009. Já o Suplemento de Saúde da PNAD 2008 indica que 24,2% dos idosos (60 anos ou mais) têm reumatismo.

A alta prevalência indica que é preciso cuidados para evitar crises agudas da doença. Mas, há reumatismos menos conhecidos que necessitam de cuidados especiais. “O Lúpus eritematoso sistêmico é um exemplo de patologia que pode começar nos rins e evoluir para características reumáticas”, explica Pedrosa. Outra menos conhecida que também exige cuidados é a febre reumática. “A doença é mais comum em crianças e pode comprometer o coração”, ressalta o especialista.

“Existem vários métodos para o tratamento das inflamações, entretanto, não há cura”, informou Pedrosa. Os principais medicamentos são anti-inflamatórios que são utilizados para conter as dores. Os mais potentes são à base de Cortisona. Contudo, drogas mais modernas são eficientes e apresentam menos efeitos colaterais. “São os casos dos medicamentos utilizados para o tratamento de câncer, que tem uma boa resposta em pacientes com Artrite Reumatoide”, analisou o médico.

O paciente com reumatismo tem um padrão genético herdado, o que favorece o aparecimento das doenças. “Hoje, não é possível prever quem terá a doença, mas é possível impedir que a doença progrida”, afirma Pedrosa. O tratamento, porém, deve começar com os primeiros sintomas.

O médico alerta, também, para sintomas que são associados ao reumatismo, como mudança rápida de temperatura, tempo frio e água gelada. “Pacientes com dores devido a fenômenos atmosféricos têm sensibilidade térmica”, explica o médico. “Contudo, é comum pacientes com artrose e artrite reumatoide piorarem no inverno”, alerta.

Para o tratamento das doenças, é recomendável levar em consideração fatores externos. “O estresse provoca, geralmente, uma piora no estado de saúde dos pacientes com fibromialgia”, explica o reumatologista. Por isso, segundo David Pedrosa, é necessária uma avaliação completa do paciente, para que o tratamento seja eficaz.