JULIANA OLIVEIRA SOARES, Diretoria Cientifica da Sociedade Brasileira de Medicina de Família e Comunidade – SBMFC, aborda o papel e a importância dos profissionais médicos na Assistência Médica Domiciliar. Confira entrevista concedida ao Grupo Ideal Care.
GIC: Qual a sua opinião sobre o currículo do médico atual? Como a senhora avalia a oportunidade de incorporar disciplinas que abordem a Assistência Médica Domiciliar (Home Care), modalidade de assistência à saúde que vem ganhando espaço no Brasil?
JULIANA: Mesmo após mudanças curriculares ocorridas nas últimas décadas, quando a discussão sobre as necessidades por atenção a saúde dos brasileiros fora considerada, o curriculo médico atual permanece com deficiências. Isso culmina na procura de muitos médicos recém-formados em pós graduações com abordagens focais, tais como campos de especialidades clínicas ou cirúrgicas. Por isso, avalio que a incorporação de disciplinas que abordem a Assistência Domiciliar é um grande ganho para a formação médica no Brasil, uma vez que resgata valores primordiais da medicina e traz o aluno para a realidade da vida das pessoas e suas famílias. Contudo, a Assistência Médica domiciliar é um dos campos mais complexos da medicina uma vez que necessita da apreensão de diversos conhecimentos, atitudes e habilidades que somente a graduação não conseguiria conferir ao aluno. Por isso, os curriculos de pós-graduação modalidade Residência Médica em Medicina de Família e Comunidade contemplam este campo de atuação. Mesmo assim, avalio esta mudança curricular como um avanço, uma vez que desperta o interesse do aluno e amplia seu olhar de estudante para uma possível área a seguir.
GIC: A atuação do médico na Assistência Domiciliar pode agregar valor no currículo do profissional? De que forma ele (médico) tira proveito disso?
JULIANA: Sem dúvida que a AD agrega valor ao currículo médico. O profissional que tiver esta qualificação terá muito mais habilidade para trabalhar no Sistema Único de Saúde (tanto nas equipes de Saúde da Família, quando nas equipes de Assistência Domiciliar), assim como no sistema privado, que por sua vez possui grande campo de expansão, uma vez que não existem muitas operadoras de planos de saúde que oferecem tal serviço e as poucas que oferecem já perceberam que existe uma grande necessidade no mercado brasileiro.
GIC: Como a senhora avalia a importância do profissional Médico nessa modalidade de assistência à saúde, considerando sua inserção (do profissional) nas equipes multiprofissionais?
JULIANA: Essencial. O trabalho do médico é tão importante quanto o trabalho dos outros profissionais de saúde nesta modalidade assistencial. A assistência domiciliar não se faz completa sem o trabalho de uma equipe multiprofissional na qual um médico qualificado faz parte. Ressalto que para atuar neste campo, o médico tem que ser qualificado para trabalhar em equipe, respeitar o campo de atuação comum aos profissionais desta e seus núcleos específicos; compreender a complexidade das pessoas que serão assistidas, suas famílias e a cultura das mesmas. Ou seja, não basta ser competente em tratar de doenças.
GIC: Qual a sua opinião sobre a Assistência Médica Domiciliar? A senhora a considera importante para o Brasil e para o paciente? Poderia comentar?
JULIANA: A Assistência Médica Domiciliar é importantíssima para todo e qualquer paciente pois oportuniza vínculo médico-pessoa, individualiza o cuidado ao mesmo tempo que insere este indivíduo em sua família e comunidade, considerando seus valores e costumes; potencializa a integralidade da assistência e o acesso com equidade à saúde.
Leia íntegra em www.grupoidealcare.com.br