O Núcleo Universitário de Referência e Inovação em Telessaúde ou Telessaúde 3.0 será um dos temas apresentados durante o 6º Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, que acontecerá de 20 a 22 de novembro de 2013, em São Paulo.

A Telessaúde 3.0 surge com o objetivo de aperfeiçoar e atualizar o conceito de Telessaúde na era de mobilidade digital, e propõe serviços de qualidade, relevantes e efetivos para a telemedicina, como uma ação para levar Mais Qualidade para a vida das pessoas. A Disciplina de Telemedicina da FMUSP já iniciou essa ação e criou a Nuvem do Conhecimento em Saúde, para compartilhar o que há de melhor em conhecimento. Essa ação faz parte do Programa de Acessibilidade Digital em Saúde, que oferece uma nova versão de atualização profissional, de assistência e da promoção da saúde.

Confira abaixo a entrevista completa com Prof. Dr. Chao Lung Wen, chefe da Disciplina de Telemedicina da FMUSP e presidente do Conselho Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde, sobre esse novo conceito e o papel das universidades como centros de referência e inovação para o crescimento e evolução da telemedicina e da telessaúde:

CBTMs: Como surgiu a Telessaúde e qual papel da Telessaúde 3.0?

Chao Lung Wen: A Telessaúde surgiu em 2006 após a junção de 7 universidades do país que possuíam maior experiência em Telemedicina, ou seja, núcleos de referência e fomentadores de pensamento, que iniciou o período que chamo Telessaúde 1.0: Projeto Nacional de Telessaúde. A segunda fase começou com a criação do Programa Telessaúde Brasil Redes, através da parceria estabelecida entre os núcleos pioneiros e o Departamento de Atenção Básica do SAS/MS. Essa parceria, que estabeleceu a mudança de foco da reflexão universitária para estratégia focada na gestão pública de saúde, pode ser considerada a Telessaúde 2.0. Dessa forma, a Telessaúde 3.0 é o retorno do núcleo universitário como referência e apoio para os núcleos técnicos no desenvolvimento de novas tecnologias para a população.

CBTMs: Quais são as propostas de inovação da Telessaúde 3.0?

CLW: A Telessaúde 3.0 surgiu a partir de reflexões da necessidade de melhoria e organização de serviços que são realizados por tecnologias a distância. Entre eles, posso citar cinco pontos importantes, que são: a estruturação e a organização dos serviços promovidos a distância, suportado por Segunda Opinião Especializada a Distância e Interconsulta Multiprofissional; o desenvolvimento de uma rede estruturada de apoio a outros núcleos técnicos científicos dedicados à Atenção Primária, através do processo de Referência e Contrarreferência; a articulação com programas governamentais, fortalecendo a atualização profissional continuada em serviço a distancia, garantindo o acesso ao melhor conhecimento em sincronia com o processo de teleassistência; também a criação do eCare, que é a promoção e a garantia de vida reduzindo riscos e agravos; e por último o eixo de atendimento humanizado, fortalecendo o apoio domiciliar, o chamado Telehomecare e telecuidado.

Portanto, o núcleo 3.0 pensa em como articular os diferentes processos que visem reduzir risco de doenças e agravamentos, que é a preservação da saúde das pessoas. E esse é o papel de um núcleo universitário, o de pensar e fortalecer ideias capazes de manter o Brasil competitivamente num cenário internacional e suportar os outros núcleos que executam as suas atividades.

CBTMs: Qual é o papel das universidades no núcleo da Telessaúde 3.0?

CLW: Nós estamos no mundo da mobilidade, principalmente com a utilização de tablets e outros dispositivos móveis. E precisamos que alguém desenvolva essas novas tecnologias e conhecimento. E quem vai desenvolver e investigar como levar o serviço de qualidade a domicílio? Um núcleo de inovação. Além do que já existe na Telessaúde hoje, nós precisamos de outra frente que faça referências e inovações capazes de incorporar uma nova camada de conhecimento e eficiência. A Telessaúde não pode ser voltada apenas para Atenção Primária, pois a tecnologia interativa representada pela Telemedicina tem que alcançar novas fronteiras. Precisamos repensar o que é o núcleo de telessaúde e principalmente o valor da universidade. A universidade é a entidade que faz reflexão, pensa e desenvolve. Dessa forma, nós começamos a criar a partir da Faculdade de Medicina da USP uma nova ideia: um Núcleo Universitário de Referência e Inovação em Telessaúde. Essa estruturação promove novas reflexões e objetivos. A Telemedicina não é pra ser mais um caminho para aumentar números de atendimento, mas é para fazer intervenções pontuais, que fazem muita diferença.

CBTMs: Dos dê um exemplo da atuação da universidade e aplicação dessa inovação.

CLW: Dentro do núcleo de inovação que nós estamos desenvolvendo, há um sistema móvel que leva a saúde de qualidade para dentro da casa de cada pessoa, que permite ao profissional trazer a realidade dos pacientes e da sua família, para realizar uma abordagem integral, humana e contextualizada. A FMUSP já esta desenvolvendo isso no seu projeto da Região Oeste, no município de São Paulo, resultado de um convênio com a prefeitura , onde estamos implementando a Avaliação de Impacto sobre o uso de tablet com conectividade móvel para fins de matriciamento e acompanhamento em saúde na Atenção Primaria. Esse é um exemplo do que se chama inovação. E quem deve ser o responsável por padronizar esse tipo de serviço? A universidade. E uma vez testada e homologada, é o dever desse núcleo de referência ajudar gestores a implantar o serviço com eficiência. Isso eu chamo de prova de conceito.

CBTMs: Qual será a discussão durante o Congresso?

CLW: Nossa discussão nesta edição do Congresso é sobre a Saúde do Futuro em prol do Futuro da Saúde. Mas não haverá futuro da saúde se não nos organizarmos e planejamos. E se as universidades não estiverem no processo, corremos o risco de deteriorar o se chama telessaúde. O papel do ambiente universitário é de pensar e fortalecer essas ideias para manter o Brasil competitivamente num cenário internacional e suportar os outros núcleos que executam as suas atividades. Se nós não fortalecemos isso, corremos o risco de estagnar no mundo tecnológico e no mundo de serviço. E esses são os grandes propósitos do núcleo de inovação ou Núcleo 3.0 desenvolvido pela Faculdade de Medicina da USP para o estado de São Paulo, e que poderia ser expandido para o país inteiro.

Quer saber mais? Participe do 6º Congresso Brasileiro de Telemedicina e Telessaúde. Acesse http://congresso2013.cbtms.org.br/