O 49º Congresso da American Society of Clinical Oncology (ASCO), recém-realizado em Chicago (EUA), reuniu mais de trinta mil profissionais de saúde de várias partes do mundo com o objetivo de discutir novos padrões de tratamento do câncer. Na sessão plenária, a mais aguardada do evento, dois estudos ganharam destaque, especialmente no que diz respeito à saúde da mulher.

Um deles modifica de imediato a conduta no tratamento de recidiva do câncer de colo de útero. “A adição da medicação Bevacizumab ao tratamento quimioterápico mostrou aumento das taxas de resposta de 36% para 48%, além de elevar a sobrevida média de 13 para 17 meses”, comenta o oncologista Murilo Buso, do Centro de Câncer de Brasília (Cettro). A droga, que bloqueia o fator de crescimento vascular do tumor, já integra o protocolo de tratamento adotado na capital federal.

Num segundo momento, estudo populacional realizado em Mombai, na Índia, junto à população de favelas – para as quais não existe programa de screening para câncer de colo de útero – verificou a eficácia de método alternativo ao papanicolau. “Trata-se da aplicação de ácido acético no colo uterino, seguido de exame visual especular por profissionais de nível técnico. O fato é que foi possível identificar lesões suspeitas e encaminhar as pacientes a tratamento”, descreve Dr. Murilo Buso.

A estratégia reduziu a mortalidade por câncer de colo de útero na população estudada em 30%. “Foi a primeira vez que um estudo proveniente de país em desenvolvimento alcançou a plenária, tendo sido muito aplaudido por constituir uma alternativa para nações que não conseguem implantar o papanicolau”, compartilha.