O mês de dezembro foi instituído, há 24 anos, como o Mês Mundial da Luta contra a AIDS, com o objetivo de ampliar a conscientização sobre a doença. Entretanto, especialistas também fazem um alerta para a tuberculose que está entre as principais causas de morte dos portadores do vírus HIV. Segundo dados da literatura médica, em todo o mundo, aproximadamente oito milhões de pessoas estão, ao mesmo tempo, infectadas pelo HIV e pela tuberculose. No Brasil, 9,7% dos pacientes com tuberculose também têm AIDS. O clínico geral, Claudio Neves do Hospital de Clínicas Mário Lioni, explica que isso acontece porque os pacientes HIV positivos têm o sistema imunológico fragilizado por conta da doença e do tratamento, assim ficam mais suscetíveis a outras contaminações.
De acordo com Claudio, a maioria dos casos de tuberculose são causados pela reativação da infecção adquirida há anos ou por nova exposição. “O estímulo para a reativação pode ser a supressão do sistema de defesa do organismo, como ocorre na AIDS”. A transmissão da tuberculose é quase que exclusivamente por vias aéreas, através da tosse de uma pessoa com tuberculose pulmonar são eliminadas gotículas contendo o microorganismo que podem infectar uma ou mais pessoas em contato íntimo e prolongado. A ocorrência ou não da infecção dependerá também do estado imunológico da pessoa.
Segundo dados do Ministério da Saúde, entre 2002 e 2012 houve um aumento do percentual de pacientes com tuberculose que fizeram testes de detecção do HIV. No início da década, apenas 26,7% fizeram o teste e, em 2012, o percentual subiu para 53,3%. “Este é um dado extremamente positivo já que, quanto mais precoce o diagnóstico, melhores as chances de sobrevida”, afirma Alberto Chebabo, infectologista do laboratório Sérgio Franco Medicina Diagnóstica.
Chebabo afirma que, ao contrário do que muitos pensam, a tuberculose tem cura. No final de 2009 o Ministério da Saúde adotou um novo esquema terapêutico para tratar a doença. O esquema anterior era composto de três drogas e o paciente era obrigado a tomar até nove comprimidos e cápsulas diariamente. O novo esquema teve a adição de uma quarta droga, e elas são concentradas em um único comprimido. Essa mudança se deve ao crescimento no número de casos relacionados à forma multirresistente da doença.
O infectologista reforça que a prevenção da tuberculose consiste na vacinação na infância e na detecção e tratamento precoce das pessoas com tuberculose. O diagnóstico depende da suspeita clínica, associada com diversas ferramentas laboratoriais.