Em um cenário de intensas pressões econômicas e acelerada transformação tecnológica no setor de saúde brasileiro, os hospitais filantrópicos privados estão redesenhando seu posicionamento estratégico no ecossistema assistencial. Em entrevista exclusiva ao podcast Saúde Business, Wilson Pedreira, que acaba de assumir a diretoria executiva da Associação dos Hospitais Filantrópicos Privados (Ahfip), revelou como estas instituições centenárias estão adotando modelos colaborativos inovadores para assegurar sustentabilidade financeira sem abrir mão de sua essência: oferecer assistência de excelência à população.
A Ahfip congrega gigantes da saúde nacional, tendo como fundadores o Hospital Sírio Libanês, Hospital Alemão Oswaldo Cruz, AC Camargo, Beneficência Portuguesa, Hospital do Coração e Hospital Moinhos de Vento de Porto Alegre. Posteriormente, o grupo foi fortalecido com a adesão do Hospital Santo Isabel de Salvador, Hospital Infantil Sabará e as unidades do Hospital São Camilo.
“A dimensão e o impacto dessas instituições são expressivos: disponibilizamos aproximadamente 4.100 leitos à população e realizamos quase 1 milhão de atendimentos de pronto-socorro anualmente”, enfatiza Pedreira.
O que distingue estas organizações é sua trajetória histórica de excelência no atendimento tanto ao sistema público quanto privado, sempre na vanguarda da inovação, priorizando qualidade assistencial, excelência técnica, humanização no acolhimento e avanços em ensino e pesquisa.
Sinergia como estratégia de fortalecimento
A Ahfip tem como propósito central potencializar as capacidades individuais dos hospitais membros através de iniciativas colaborativas estratégicas. “Desenvolvemos sinergias que ampliam eficiência financeira e produtividade, além de fortalecer nossas ações em ensino, pesquisa e filantropia”, destaca o diretor executivo.
Para concretizar essa visão, a associação estruturou grupos de trabalho especializados em áreas críticas como cadeia de suprimentos, ensino e pesquisa, comunicação e relacionamento com o mercado. Estes núcleos reúnem lideranças dos hospitais associados para desenvolver estratégias que maximizem o potencial de cada instituição, preservando sua autonomia e identidade.
O equilíbrio entre missão social e viabilidade econômica
O maior desafio enfrentado pelos hospitais filantrópicos reside no delicado equilíbrio entre sua vocação social e a necessária sustentabilidade financeira. Diferentemente das instituições com fins lucrativos, estes hospitais direcionam integralmente seus resultados positivos para reinvestimento na própria estrutura, fortalecendo sua capacidade de atendimento à população.
“Nosso setor enfrenta uma distorção ao focar em preço em vez de custo. Nossa prioridade não deve ser reduzir preços, mas sim otimizar custos e recursos”, argumenta Pedreira. “Buscamos parcerias com operadoras, empresas e pacientes para garantir a alocação mais eficiente dos recursos disponíveis”.
Ao concluir a entrevista, Pedreira sintetizou a relevância singular dos hospitais filantrópicos no ecossistema de saúde: “O investimento privado na saúde é fundamental. Os grandes grupos e consolidações têm seu papel importante, assim como o aporte de fundos de investimento. Porém, os hospitais filantrópicos são absolutamente indispensáveis para a saúde brasileira”.
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