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Gestão diária da saúde: uma nova maneira de pensar a prevenção de doenças

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Mudança no modelo assistencial já é realidade e incentiva a adoção de hábitos saudáveis no dia a dia, a fim de evitar internações e agravos que impactam o setor e a qualidade de vida das pessoas

Esqueça as cartilhas repletas de dicas para a prevenção de doenças que os médicos costumavam compartilhar com seus pacientes em consultas de rotina. O futuro aponta para um programa de gestão diária de saúde, na qual cada indivíduo será responsável por sua autopreservação. E se parece complicado acreditar que cada pessoa possa organizar a própria rotina de atividades que vai garantir um estado de bem-estar pleno, saiba que é aí que a tecnologia aparece como a grande aliada nessa mudança de paradigma do modelo assistencial, que vai priorizar a medicina preventiva para evitar internações.

Esse novo jeito de pensar a Saúde é defendido por especialistas em inovação como Luciano Mantelli, fundador da FourGe e cofundador do Lab Saúde: “Muitas comunidades já se unem por meio da tecnologia para pensar e trabalhar melhor os hábitos saudáveis. É o caso de aplicativos de incentivo a atividades  físicas que promovem uma mudança de comportamento individual em prol de uma melhora na saúde de todos”, exemplifica.

A necessidade de conexão é ponto-chave do movimento, que dependerá da nossa capacidade de usar a tecnologia da melhor forma possível. “Algo similar já aconteceu em outras áreas, como na comunicação. Basta pensar em como blogs e mídias sociais provocaram uma disrupção na forma como consumimos conteúdos e lembrar quanto tempo demorou para os grandes conglomerados de mídia darem a devida atenção para a força dos influenciadores individuais. Com a Saúde, algo parecido está acontecendo agora mesmo”, sugere Mantelli, lembrando que as operadoras de Saúde podem e devem facilitar o empoderamento do beneficiário para que ele navegue melhor pelo sistema. “É chegado o momento de parar de pensar no beneficiário apenas como paciente e formar os prestadores de serviço, como médicos e outros profissionais da Saúde, para serem verdadeiros mentores de vida”, recomenda Mantelli.

Para tanto, novamente, os canais digitais podem levar a informação certa e a atenção primária para cada indivíduo, chegando até mesmo a áreas remotas em que há carência de serviços. “Com o uso da tecnologia também é possível monitorar pacientes com doenças crônicas e, assim, evitar uma agudização das mesmas”, explica Katia Galvane, diretora para health da everis,  no report Melhoria de desfecho clínico, prevenção de doenças e cuidado remoto: a tríade da tecnologia na Saúde.  

A referência que Katia faz é a um projeto de prevenção de doenças baseado no uso da inteligência artificial (IA) para definir preditivamente o perfil de pessoas que podem desenvolver doenças crônicas ou, entre aqueles já diagnosticados, apontar antecipadamente quem pode agudizar ou entrar em episódios de choque ou crise. Denominado Aplicação de inteligência artificial para Doenças Crônicas LATAM, o projeto-piloto está sendo desenvolvido em parceria com a SulAmérica, uma das maiores companhias de seguros saúde do mercado, para prever casos de doenças cardiovasculares (DCVs) devido à alta relevância da patologia no cenário epidemiológico brasileiro.

A especialista destaca ainda que outras tecnologias podem auxiliar na prevenção de doenças, citando como exemplo o uso de assistentes virtuais, seja para o telemonitoramento do paciente em casa, teleconsultas ou até mesmo telefisioterapia - situações que se popularizaram com a pandemia de Covid-19  e devem permanecer como opções. Já para a chamada gestão remota de pacientes crônicos, Katia explica que dispositivos eletrônicos podem fazer a captura automática de biomedidas e, assim, gerar dados para o desdobramento clínico da patologia.

A transformação digital que vivemos em 2020 apresentou a quem ainda não usava todo o leque de ofertas tecnológicas que já estão disponíveis no mercado e permitiu que o acesso à informação desse um salto exponencial quando o assunto é autocuidado em Saúde. O próximo desafio é trabalhar para que o cenário pós-pandemia não se resuma apenas a um aumento da digitalização de processos no lugar da mudança de paradigma que todos buscamos. “A pandemia adiantou um processo de evolução tecnológica que já estávamos vivendo e fez com que todos precisassem tomar decisões rápidas na gestão de Saúde para acompanhar a demanda. Meu desejo é que a partir de agora possamos aprender mais com a tecnologia para evoluir de fato no autocuidado remoto da Saúde”, finaliza Mantelli.

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