O Outubro Rosa traz uma reflexão sobre a jornada das mulheres que enfrentam o câncer de mama — e sobre como a ciência e a gestão podem caminhar juntas para garantir mais qualidade, segurança e humanização nesse cuidado.
Entre os principais desafios do tratamento cirúrgico, está a reconstrução mamária após a mastectomia, cirurgia de retirada total ou parcial da mama. Embora seja um passo fundamental para a recuperação física e emocional, ela ainda pode gerar complicações, como a isquemia e necrose do retalho cutâneo, que aumentam o tempo de internação e a necessidade de novas cirurgias.
É nesse cenário que a Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) vem se destacando como uma aliada promissora. O tratamento consiste na inalação de oxigênio a 100% em ambiente pressurizado, aumentando a oxigenação dos tecidos e favorecendo a cicatrização.
Diversos estudos têm demonstrado que o uso precoce da OHB pode reduzir a progressão da isquemia e diminuir o risco de necrose em pacientes submetidas à reconstrução imediata da mama. Isso se traduz em menor taxa de reoperações, melhores resultados estéticos e maior satisfação das pacientes.
Além do impacto clínico, há benefícios também para as instituições de saúde: menos tempo de internação, otimização de recursos e reforço na segurança assistencial, pilares fundamentais em um modelo de gestão que valoriza eficiência e qualidade.
Ainda assim, é importante destacar que a OHB deve ser aplicada com critérios clínicos bem definidos e infraestrutura adequada. Fatores como o tempo de início da terapia, o estado geral da paciente e a extensão da isquemia influenciam diretamente nos resultados.
Integrar a OHB aos protocolos oncológicos e reconstrutivos representa um avanço importante. Mais do que uma técnica complementar, ela simboliza a convergência entre tecnologia, segurança do paciente e gestão baseada em valores, princípios que fortalecem o sistema de saúde e melhoram a experiência do cuidado.
Neste Outubro Rosa, a mensagem é clara: investir em conhecimento, inovação e boas práticas é também uma forma de cuidar.
E cuidar, na essência, é garantir que cada mulher tenha acesso a um tratamento seguro, eficaz e digno.
*José Branco é presidente na Sociedade Médica de Oxigenoterapia Hiperbárica (OHB) do Brasil, faz parte da Direção Executiva do Instituto Brasileiro para Segurança do Paciente (IBSP) e atua com o Diretor Técnico do Instituto Nacional de Desenvolvimento Social e Humano (INDSH).