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NLP e saúde: como o uso de Inteligência Artificial pode promover transformações no setor médico

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Seja para pesquisa clínica, assistência ao paciente ou apoiar iniciativas inovadoras, o NLP pode ser incorporado na área médica em diversas vertentes

No final de 2022, a OpenAI, uma instituição que desenvolve pesquisas sobre Inteligência Artificial (IA), lançou o ChatGPT, protótipo de chatbot com IA, que utiliza a tecnologia NLP (Processamento de Linguagem Natural). A ferramenta, que é especializada em diálogo, vem transformando e trazendo debates no setor tecnológico.

Isso é apenas uma das criações que marcam uma era de grandes avanços e inovações na área de NLP. Se, no início, a proposta desse método era, basicamente, potencializar a comunicação entre seres humanos e máquinas, com os algoritmos mais precisos, eficientes e capazes de lidar com grandes quantidades de dados de forma mais rápida, atualmente, é notável que, partindo dessa comunicação eficiente, essa tecnologia pode ser útil em diversos outros setores.

O recurso possui inúmeras aplicações no meio empresarial, como os chatbots, detecção de ameaças, mecanismos de buscas, assistentes virtuais, entre outros. Mas um uso que merece destaque é a inserção na área da saúde.

Seja para pesquisa clínica, assistência ao paciente ou até mesmo para apoiar iniciativas inovadoras, o NLP pode ser incorporado na área médica em diversas vertentes. Um exemplo são os algoritmos que conseguem ser treinados para identificar informações relevantes no prontuário do paciente, como sintomas, diagnósticos e tratamentos prescritos.

Segundo um estudo publicado na PLOS Digital Health, em dezembro de 2022, o ChatGPT pode ser um forte aliado para a previsão precoce da doença de Alzheimer, por ser capaz de identificar pistas da fala espontânea nos estágios iniciais da doença.

E não para por aí: na área de pesquisa, modelos de NLP podem rapidamente, e de maneira acurada, extrair informações em grandes volumes de dados textuais, sejam eles da literatura médica ou relatórios de estudos clínicos, e, com isso, identificar tendências e padrões complexos de se encontrar manualmente. Estes algoritmos também são capazes de localizar, nos dados contidos no prontuário eletrônico, pacientes elegíveis para estudos clínicos.

Por fim, o recurso também pode ser usado para melhorar a assistência ao paciente. Os algoritmos são capazes de gerar, automaticamente, planos de tratamento personalizados para pacientes com base em seu histórico médico e condição atual e, dessa forma, auxiliar os profissionais de saúde na hora oferecer cuidados mais individualizados e eficazes a seus pacientes.

De modo geral, o NLP tem a oportunidade de potencializar a eficiência dos cuidados em saúde, permitindo que os computadores entendam, interpretem e manipulem a linguagem humana de uma forma que possa auxiliar na análise clínica, pesquisa e atendimento.


Com o uso desse conhecimento, os profissionais da área tendem a tomar decisões mais assertivas e melhorar os processos de cuidado e pesquisa, gerando, assim, um retorno financeiro sustentável para as tecnologias de NLP no ambiente médico, pois a economia de custos associada ao seu uso pode compensar o investimento inicial necessário para implementá-los.

Expectativa de crescimento

O uso de inteligência artificial no setor da saúde está crescendo rapidamente, além de já ser possível notar a utilização em uma ampla quantidade de áreas e especialidades médicas. Na oncologia, a IA tem sido usada para melhorar a precisão do diagnóstico de câncer, prever os desfechos dos pacientes, apoiar a pesquisa clínica e desenvolver planos de tratamento personalizados. Além de ser utilizada para identificar padrões em grandes quantidades de dados médicos, o que pode auxiliar na compreensão da doença e como ela progride, por exemplo.


A partir de agora, é preciso que surjam novas iniciativas, não somente no ambiente corporativo, mas também no meio acadêmico, para que a mão de obra especializada e a quantidade de recursos desenvolvidos para o idioma local se multipliquem, na intenção de deixar a ferramenta mais acessível. Um amadurecimento e entendimentos padronizados acerca da legislação de acesso aos dados também são um ponto que geraria menor resistência na adoção deste tipo de método.


Com base em um levantamento da Tractica, divulgado em 2018, o mercado de Tecnologia da Informação (TI) com a Inteligência Artificial deve movimentar, até 2025, aproximadamente 34 bilhões de dólares apenas no setor da saúde.


A expectativa é que o uso de Inteligência Artificial nesse meio siga crescendo rapidamente nos próximos anos. O futuro da IA nesse setor é muito promissor e é bem provável que tenha um grande impacto na forma como os cuidados de saúde serão prestados nos próximos anos.

* Lucas Oliveira é co-fundador e Head de IA da Comsentimento e, atualmente, é um dos maiores especialistas em processamento de linguagem natural na área da saúde no Brasil. Formado em TI e com Mestrado e Doutorado em Tecnologia em Saúde pela PUC-PR, o executivo é docente pela mesma instituição, atuando também como co-líder do Health Artificial Intelligence Lab (HAILab). Tem diversas publicações em revistas científicas internacionais.