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Incidência de câncer de colo do útero no brasil supera meta da OMS em três vezes

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São registrados 13 casos para cada 100 mil brasileiras, apesar dos avanços em prevenção e rastreamento.

A OMS classificou o câncer de colo do útero como um problema de saúde pública e estabeleceu a meta de reduzir a incidência para menos de quatro casos por 100 mil mulheres por ano em todos os países até 2030. No entanto, o Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima 17 mil novos casos por ano no Brasil no triênio 2023-2025.

Em resposta a essa realidade preocupante, foi lançado o Movimento Brasil Sem Câncer de Colo do Útero, liderado pela oncologista clínica Angélica Nogueira Rodrigues. O movimento busca alinhar as estratégias de prevenção com as diretrizes da OMS, adaptando-as ao perfil epidemiológico e socioeconômico brasileiro. “A OMS defende o rastreamento atualmente com a técnica de HPV DNA, estimando que 70% das mulheres estejam cobertas por este método de rastreamento. No Brasil, a forma de rastreamento disponível no SUS é pelo exame de papanicolau”, ressalta a oncologista.

Um marco recente nesse esforço foi a incorporação do teste molecular para o HPV no Sistema Único de Saúde (SUS). O rastreamento com testes moleculares para detecção da doença é mais eficiente para a identificação de lesões precursoras do câncer do colo do útero e, consequentemente, contribui para a redução de novos casos e da mortalidade pela doença. Além disso, a identificação precoce do câncer e das lesões pré-malignas permite o uso de tratamentos menos invasivos, a melhora da qualidade de vida durante o tratamento e o aumento da possibilidade de cura.

Embora o exame molecular seja mais oneroso que o papanicolau, sua realização a cada cinco anos demonstra ser economicamente viável. Isso se torna evidente quando consideramos que o tratamento do câncer de colo uterino é de alta complexidade e custo, além de ter um impacto pessoal e social incalculável. “A genotipagem do HPV possibilita a identificação mais eficaz da população em risco de desenvolver lesões precursoras ou câncer”, esclarece o cirurgião oncológico Glauco Baiocchi Neto, presidente do EVA.

A vacinação contra o HPV, que é a principal maneira de prevenir a doença, está disponível pelo SUS desde 2014. Contudo, os números do DataSUS indicam uma redução no número de doses administradas nos últimos anos, apesar de um aumento em 2023.

Em março de 2024, completou-se uma década desde que a vacina contra o HPV para meninas começou a ser oferecida gratuitamente pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No entanto, os dados apontam para uma preocupação. Uma análise dos dados do DataSUS revela uma diminuição constante no número de doses administradas a cada ano.

O ano de 2014 registrou o maior número de doses administradas, com quase 8 milhões de doses da vacina contra o HPV aplicadas em meninas brasileiras. Naquele ano, a vacinação foi realizada nas escolas públicas. O número caiu para menos de 6 milhões de doses no ano seguinte. E, entre 2016 e 2022, o total não ultrapassou 2 milhões de doses. A boa notícia é que em 2023, de acordo com o Ministério da Saúde, foram administradas 5,8 milhões de doses, aproximando-se do número registrado em 2015.

A vacinação contra o HPV é a principal estratégia de prevenção do câncer de colo do útero. O SUS disponibiliza a vacina para crianças e adolescentes de 9 a 14 anos, pessoas imunossuprimidas - como indivíduos que vivem com HIV ou AIDS; transplantados de órgãos sólidos ou medula óssea; pacientes oncológicos; e vítimas de violência sexual de 9 a 45 anos de idade.