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Inteligência artificial na saúde pública: desafios e práticas na radiologia

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Ferramentas de IA revolucionam diagnósticos por imagem e trazem eficiência ao SUS, apesar dos desafios financeiros, éticos e de capacitação.

O setor da saúde no Brasil apresenta uma grande heterogeneidade, especialmente no segmento público. Hospitais de todo o país estão em diferentes níveis de maturidade digital, e a adoção de novas tecnologias como a Inteligência Artificial (IA) não ocorre de maneira uniforme. No cenário atual, o Brasil almeja incorporar inovações de IA na saúde, assim como diversas instituições hospitalares nos Estados Unidos e na Holanda, que já ilustram a eficácia e aplicabilidade da IA em vários aspectos da saúde. Observa-se uma mudança positiva nesse cenário, com ferramentas avançadas ganhando espaço nos serviços públicos, embora ainda estejam mais presentes em hospitais do setor privado no país. 

As vantagens da IA na radiologia estão revolucionando os exames por imagem, trazendo benefícios significativos para a saúde. A IA melhora a qualidade da avaliação de imagens médicas e identifica casos que exigem mais cuidados. Além disso, facilita o registro eletrônico de dados e aumenta a eficiência, apoiando decisões clínicas com exatidão na determinação das condições dos pacientes. 

Na FIDI, a área de tecnologia avança com projetos relevantes no desenvolvimento de soluções de IA voltadas para o setor público. Nesse contexto, já está em uso uma ferramenta que permite à IA identificar até 75 tipos de alterações em exames de radiografia de tórax, auxiliando profissionais de saúde na determinação da condição do paciente. Essa ferramenta também pode indicar, por meio das imagens, os locais com maior probabilidade de se tornarem focos de doenças, o que auxilia os médicos a identificarem esses achados com mais precisão. 

Outro ponto crucial é que essa ferramenta visa otimizar o tempo e facilitar a rotina médica no diagnóstico do paciente, realizando a análise de exames de imagem em menos de 5 minutos. Como complemento, foi desenvolvido um sistema integrado que evita que o médico precise lidar com diferentes dispositivos, permitindo o acesso à IA diretamente do seu computador e do sistema de informação do hospital. 

Todos esses benefícios impactam positivamente a radiologia, proporcionando avanços significativos no diagnóstico e no tratamento de doenças, beneficiando tanto os pacientes quanto os profissionais de saúde. 

A FIDI tem o compromisso de democratizar o acesso às tecnologias de ponta, como a IA, na saúde pública no Brasil. Tradicionalmente, soluções de IA na saúde têm sido exclusivas de hospitais da rede privada ou disponíveis apenas no mercado internacional. Nossa missão é mudar esse cenário, trazendo essas tecnologias avançadas para os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Ao integrar soluções de IA que aprimoram o diagnóstico e o tratamento, estamos garantindo que todos os brasileiros possam se beneficiar dos avanços tecnológicos mais recentes na área da saúde. 

O surgimento de iniciativas de IA em hospitais brasileiros tem sido uma prática gradual, buscando melhorias no sistema de saúde por meio do desenvolvimento contínuo de tecnologias e da melhoria das condições estruturais. Com um sistema em constante evolução, a IA tem o potencial de transformar a saúde pública no país, tornando o atendimento mais eficiente e preciso para os pacientes. 

Desafios da implementação da IA no setor público 

Um dos principais pontos a ser analisado é a sustentabilidade financeira das iniciativas de IA, o que evita sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS) e assegura benefícios tecnológicos efetivos para todos os pacientes. Para isso, é necessário um planejamento cuidadoso, que inclua estratégias específicas como: avaliação de custo-benefício, modelos de financiamento inovadores, eficiência operacional, redução de riscos, gerenciamento de recursos, interoperabilidade e treinamento contínuo de gestores e médicos. A construção desse ecossistema visa garantir que essas tecnologias sejam integradas de maneira benéfica, sem sobrecarregar o sistema de saúde. 

Outro desafio importante é a capacitação de especialistas qualificados, pois a adoção de IA na saúde exige que os médicos estejam devidamente treinados para utilizar esses sistemas. Portanto, é crucial investir em programas de formação e educação continuada para que os profissionais possam dominar essas inovações e aplicá-las de forma eficaz nos ambientes hospitalares. Contudo, muitos hospitais enfrentam certa resistência à mudança por parte dos profissionais de saúde, que podem não aderir às novas tecnologias devido à falta de familiaridade ou confiança. 

Também é importante destacar os aspectos éticos e regulatórios relacionados à privacidade e à segurança dos dados dos pacientes. Nesse sentido, é essencial que as soluções de IA sejam regulamentadas para garantir a segurança do paciente e um diagnóstico qualificado. Por isso, os ambientes hospitalares, públicos ou privados, devem estar em conformidade com as normas e regulamentações vigentes, o que pode ser um desafio contínuo, especialmente considerando a rápida evolução das tecnologias, que precisam estar em conformidade com as normas estabelecidas. 

A implementação da IA na saúde pública brasileira tem o potencial de transformar todas as áreas, além da radiologia, melhorando a precisão diagnóstica e a eficiência do atendimento ao paciente. No entanto, superar os desafios mencionados exige um esforço coordenado entre governo, instituições de saúde, profissionais e a indústria de tecnologia. 

A expectativa é que possamos identificar investimentos em infraestrutura, capacitação, regulação e modelos financeiros sustentáveis, para que a IA possa ser integrada de forma eficaz, ética e benéfica ao sistema de saúde pública no Brasil. 

*Dr. Osvaldo Landi Júnior é Gerente Médico de Inovação & Dados, com formação em Medicina, pós-graduação em Radiologia e Diagnóstico por Imagem e especialização em Informática em Radiologia e Diagnóstico por Imagem.