O Ministério Público do Rio Grande do Sul (MPRS) e o Hospital Moinhos de Vento anunciaram uma atuação conjunta para disponibilizar cirurgias plásticas reparadoras gratuitas a vítimas de crimes violentos. O projeto chamado “Reparador” é uma ação inédita que une um hospital de referência e o Ministério Público em um programa que integra conhecimento especializado, responsabilidade social e trabalho voluntário.

A assinatura do termo de cooperação foi realizada na superintendência da instituição, por Mohamed Parrini, CEO do Hospital Moinhos de Vento, e pelo Alexandre Saltz, procurador-geral de Justiça do Estado, acompanhados de Melina Schuch, superintendente de Estratégia e Mercado do hospital, Artur Seabra, o chefe de serviço cirurgia geral, e da Alessandra Moura Bastian da Cunha, coordenadora do centro de apoio operacional criminal e de apoio às vítimas (Caocrim) do MPRS. 

Acolhimento e recomeço

Com a experiência do corpo clínico do Hospital Moinhos de Vento e o suporte do fluxo de encaminhamento do MPRS, o projeto garante um atendimento especializado e humanizado, proporcionando procedimentos gratuitos a indivíduos em situação de vulnerabilidade. A iniciativa tem operação imediata e reafirma o compromisso das instituições em promover dignidade, confiança e bem-estar às vítimas.

Alexandre Saltz, procurador-geral de Justiça do Estado, destaca que a parceria será fundamental para melhorar a vida de muitas pessoas. “São poucas as vozes que defendem as vítimas de violência e temos a certeza que estamos dando um passo muito importante e queremos que esse trabalho seja exemplo para outros hospitais do estado e do Brasil”. 

Para Mohamed Perini, CEO do Hospital Moinhos de Vento, iniciativas como essa são muito bem-vindas. “Quando fomos procurados pelo Ministério Público, abraçamos a ideia de imediato — e tenho muito orgulho deste projeto. Infelizmente, sabemos que a condenação do agressor não encerra esse ciclo. Agora, teremos a oportunidade de contribuir para elevar a autoestima dessas mulheres e transformar suas trajetórias”, reforça.

Entenda o projeto 

O encaminhamento das vítimas deve ser feito exclusivamente pelo Ministério Público.
Foto: Hospital Moinho de Ventos / Reprodução

O “Reparador” nasceu a partir de um grupo de trabalho entre o MPRS e o Instituto Moinhos Social, que identificou a necessidade de atender vítimas, especialmente mulheres em situação de violência doméstica, que, mesmo após o suporte jurídico e assistencial, permaneciam com marcas visíveis que dificultavam o processo de reconstrução pessoal.

  “Médicos voluntários do corpo clínico irão atuar diretamente nas cirurgias, colocando conhecimento, dedicação e estrutura a serviço de quem mais precisa. É uma iniciativa que reafirma nosso compromisso com a inovação social e com a construção de um futuro mais justo e humano”, destaca Melina.

O modelo de funcionamento estabelece que o encaminhamento das vítimas seja realizado exclusivamente pelo Ministério Público, através do Núcleo de Promoção dos Direitos das Vítimas (NUVIT). Após a triagem e a documentação, os casos são analisados pela equipe técnica do Hospital, que é responsável por realizar exames, planejar as cirurgias e oferecer acompanhamento completo.

 Para a coordenadora do Caocrim,  a iniciativademonstra como instituições podem se unir para transformar vidas. “Ao oferecer cirurgias reparadoras às vítimas de crimes violentos, estamos restaurando não apenas a integridade física, mas também a confiança e a possibilidade de recomeço dessas pessoas. É uma iniciativa que honra o papel do Ministério Público na defesa dos direitos humanos”, afirma.

O projeto já possui casos em avaliação e prevê a realização das primeiras cirurgias nos próximos dias. A vigência inicial é de dois anos, com possibilidade de expansão e replicação em outras regiões, consolidando um modelo que alia justiça, saúde e solidariedade.