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3 limites da IA na Saúde - e o que devemos fazer para não ultrapassá-los

Article-3 limites da IA na Saúde - e o que devemos fazer para não ultrapassá-los

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Tecnologia auxilia a atuação de médicos e tem potencial para transformar a gestão do cuidado e o autocuidado, mas antes é preciso que a sociedade discuta aspectos éticos de sua utilização

A inteligência artificial é uma das grandes promessas de revolução na Saúde em um futuro que já começou. Um levantamento da consultoria norte-americana Tractica, realizado em 2018, confirma que o mercado de IA segue em alta no mundo, com estimativa de movimentar US$ 34 bilhões de dólares até 2025 (o equivalente a mais de R$ 168 bilhões). Embora a tecnologia seja amplamente usada em tarefas preditivas, como nos achados diagnósticos na radiologia e no monitoramento ativo de pacientes internados, seu potencial vai além e pode transformar completamente a gestão do cuidado em poucos anos, facilitando a tomada de decisão do médico com análises e recomendações terapêuticas cada vez mais precisas, mas também levantando discussões importantes sobre os limites éticos da relação homem/tecnologia.

Segundo Cezar Taurion, vice-presidente da Cia Técnica Consulting e sócio de Transformação Digital & Economia da Kick Corporate Ventures, os ganhos mais evidentes que a inteligência artificial traz à Saúde - ou a qualquer outro segmento de mercado - são o ganho de tempo e o empoderamento, dois recursos essenciais à medicina: “Já existe tecnologia suficiente tanto para impedir que um infarto agudo do miocárdio aconteça, a partir de análise de microexpressões faciais feitas pela câmera do celular, quanto para estimular o paciente ao autocuidado, com assistentes virtuais atuando como um segundo médico via smartphone.”

Só que tantas vantagens merecem uma análise mais aprofundada sobre possíveis vulnerabilidades inerentes à tecnologia. Afinal, como destaca Arthur Igreja, autor, palestrante e co-fundador da AAA Plataforma de Inovação: “é muito difícil imaginar alguma área, setor ou forma de relação futura que não é ou brevemente será impactada pela IA.” Cabe a nós então, como sociedade, discutir desde já quais são os limites aceitáveis e como não vamos ultrapassá-los.

Uma boa forma de começar esse debate é fazendo algumas perguntas certas e buscando encontrar as melhores respostas: ‘Será que é correto receber um diagnóstico de câncer terminal de um robô?’, ou então, ‘Devemos permitir que toda a assistência da atenção básica em Saúde [responsável pelo tratamento de até 80% das doenças] se concentre em ferramentas de IA?’, para finalmente sabermos, ‘Qual deve ser o limite do uso dessa tecnologia na Saúde - e o que fazer para não ultrapassá-lo?’

Cezar Taurion e Arthur Igreja concordaram em iniciar essa discussão. E reunimos os insights a seguir:

  1. O papel do médico não é substituível

Assistentes virtuais são desenvolvidos para potencializar a gestão de cuidado e não para substituir o profissional pela máquina. “Eles vão atuar complementando o diagnóstico do especialista e apresentando prognósticos possíveis”, acredita Taurion. Arthur Igreja reforça que a medicina é uma ciência altamente humanizada e que, dificilmente, alguém toparia receber diagnósticos difíceis, como um câncer, através de um robô. E alerta para uma reflexão: “muitos médicos têm medo de serem substituídos pela tecnologia, mas há vários deles que já se comportam como robôs.”

  1. A decisão final é sempre do médico

A inteligência artificial na Saúde consegue fazer análises preditivas e servir para acompanhar e monitorar de forma remota o cliente, além de certamente evitar que o médico perca momentos preciosos da consulta digitando dados no sistema, como enumera Taurion. Mas há recursos tipicamente humanos, como a capacidade de prever riscos menos óbvios, que nunca poderão ser preteridos a favor da máquina. E é por isso que a tomada de decisão sempre estará nas mãos de médicos e não da inteligência artificial.

  1. Criação de legislação própria

Um ponto-chave destacado pelos dois especialistas é o fato de a tecnologia avançar brutalmente mais rápido que os legisladores. Por isso, ambos sugerem que a sociedade não deixe que as empresas de tecnologia sejam as únicas responsáveis por seus produtos e criações. Tanto os usuários da inteligência artificial na Saúde como os órgãos regulamentadores e os legisladores precisam criar consciência sobre os mecanismos da tecnologia atuais e futuros para poder criar leis que imponham direitos e deveres éticos aos fabricantes e usuários e garantam a segurança das informações sensíveis que estão sendo compartilhadas.

E se você quer saber mais sobre o uso da inteligência artificial na Saúde, acesse o episódio 5 da série de reportagens "Bastidores da Saúde", do Connext Podcast, com o tema: "A revolução da inteligência artificial".

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Por Renata Armas, redatora da agência essense