Investidor pessoa física tira R$ 7,8 bi da bolsa em 2011
Por Luciana Monteiro | De São Paulo
Num ano em que o risco político predominou trazendo muita incerteza ao mercado, o investidor pessoa física sucumbiu às pressões de baixa e resolveu sair das aplicações de renda variável. Só para se ter ideia, esse grupo de aplicadores foi o que mais sacou recursos da bolsa em 2011. E o pior: foi o terceiro ano consecutivo em que os pequenos investidores retiraram mais dinheiro de ações do que aplicaram.
Dados da BM&FBovespa mostram que, no ano passado, o saldo líquido (compras menos vendas) da pessoa física encerrou negativo em R$ 7,825 bilhões, dos quais R$ 659,345 milhões somente em dezembro. Com isso, nos últimos três anos, desde a crise de 2008, o total de recursos retirados pelos pequenos investidores da bolsa soma R$ 25,273 bilhões.
Interessante notar que, mesmo em 2009, quando o Índice Bovespa registrou alta de 82,66%, o saldo líquido da pessoa física somou R$ 9,783 bilhões. Para muitos analistas, isso reforça a tese de que a grande maioria dos pequenos aplicadores compra quando o mercado está em alta – e as ações, caras – e vende na baixa.
O que manda é a emoção, e a emoção da perda é muito mais intensa do que a do ganho, diz Paulo Levy, diretor do home broker da Icap. “É muito difícil, num momento de muito pessimismo, conseguir deixar o coração de lado e seguir com a razão”, afirma ele, ressaltando que esse é um comportamento visto, inclusive, entre operadores experientes do mercado financeiro.
No ano passado, os problemas de alto endividamento de alguns países da Europa se transformaram em crise. Já nos Estados Unidos, o presidente Barack Obama foi testado inúmeras vezes pelo Congresso americano. E os investidores perceberam, principalmente após o primeiro semestre, que o crescimento global não estava ocorrendo como o inicialmente estimado e, a partir daí, os aplicadores passaram a desconfiar se os países desenvolvidos conseguiriam pagar suas dívidas.
O número de pessoas físicas com conta na bolsa cresceu muito principalmente durante 2006 e 2007, auge das aberturas de capital. Naquela ocasião, o mercado vivia um momento de euforia, de liquidez farta, e era praticamente regra uma empresa abrir capital e ver suas ações se valorizarem acentuadamente já no primeiro dia de pregão. “Isso atraiu muitos investidores oportunistas, que ganhavam dinheiro comprando qualquer coisa”, diz Levy. “Depois que a brincadeira acabou, o que se vê são muitos desses investidores deixando o mercado acionário.”
O temor das pessoas físicas com o mercado acionário acaba trazendo impacto também para os investidores institucionais. Nesse grupo, estão fundações, seguradoras e fundos de investimento. Quando o investidor saca de suas aplicações, o gestor precisa vender os papéis que mantém em carteira para honrar os resgates.
Fonte: Valor Econômico, 04/01/12
Sugestões da Carteira Valor para Janeiro 2012
Depois da queda de 11,25% em 2011, as ações preferenciais (PN, sem direito a voto) do Itaú Unibanco lideram as recomendações para a Carteira Valor de janeiro. Das dez corretoras, seis delas colocaram os papéis entre as indicações. As ações de bancos, de forma geral, sofreram bastante no ano passado com a fuga dos investidores estrangeiros, que temiam um contágio da crise europeia em todo o setor financeiro.
Internamente, as medidas macro prudenciais adotadas pelo Banco Central nos últimos meses trouxeram expectativas de desaceleração nas operações de crédito de curto prazo, trazendo impacto para as ações de bancos. “Mas essa deterioração não está ocorrendo como o esperado, já que se vê é uma estabilização no volume de crédito e pouca piora na inadimplência”, ressalta Fernando Góes, analista da Octo Investimentos.
O Itaú Unibanco apresenta fundamentos sólidos, elevado caixa livre, qualidade da carteira de crédito e capacidade de alavancagem, diz Góes. Segundo ele, a recomendação é de compra do papel por conta da atual conjuntura econômica, com expectativa de arrefecimento da inflação, continuidade de queda da taxa básica de juros, manutenção da atividade e menor risco de aumento da inadimplência.
Estreante neste ano na Carteira Valor no lugar da Spinelli, a Citi Corretora também incluiu as preferenciais do Itaú Unibanco no portfólio recomendado para janeiro. “Especulava-se que havia uma bolha de crédito no Brasil e existia o receio do aumento da inadimplência, mas não é o que se vê”, afirma Fernando Siqueira, economista-chefe da Citi Corretora. Ele mantém preço-alvo de R$ 50,00 para os papéis do Itaú Unibanco para o fim de 2012, o que embute um potencial de valorização de 47% ante o fechamento de ontem na bolsa.
Fonte: Valor Econômico, 03/01/2012